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Mercado vira o jogo e coloca em xeque a credibilidade da S&P

Apesar do corte no rating americano, a procura por títulos do Tesouro atingiu em agosto o maior nível já visto desde 2008

O corte de rating promovido pela S&P ‘elevou’ a nota dos EUA, explica a Bloomberg (Spencer Platt/ Getty Images)

O corte de rating promovido pela S&P ‘elevou’ a nota dos EUA, explica a Bloomberg (Spencer Platt/ Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 16 de agosto de 2011 às 11h12.

São Paulo – As apostas dos investidores globais nos bônus do Tesouro dos Estados Unidos com vencimento em 10 anos atingiram em agosto seu maior nível já visto desde dezembro de 2008, o que mostra que o mercado financeiro está colocando em xeque a credibilidade da agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P), informa a Bloomberg.

A procura pelos títulos americanos ocorre apesar de a S&P ter promovido um corte histórico no dia 5 de agosto na classificação de dívida pública dos Estados Unidos, de AAA para AA+, questionando a capacidade da maior economia do mundo em honrar o pagamento de suas dívidas.

Desde a redução no rating, a rentabilidade dos bônus americanos com vencimento em 10 anos, considerados uma referência no mercado de dívida, caiu para 2,03% com o aumento da procura por parte dos investidores, ante a máxima de 3,77% alcançada no decorrer do ano. A maior demanda eleva os preços dos papéis, o que reduz o rendimento pago por eles.

O interesse dos investidores nos bônus dos EUA ocorre mesmo com as taxas de juros aplicadas pelo Tesouro estarem atualmente em patamares mais baixos do que as ofertadas por outros países que são classificados com o rating AAA pela S&P.

“O corte de rating promovido pela S&P ‘elevou’ a nota do Tesouro dos Estados Unidos, com o mercado americano de dívida pública registrando um desempenho acima da média quando comparado a outros índices de bônus mundiais”, conclui a reportagem, após recordar que a Moody’s e a Fitch reafirmaram o rating AAA dos Estados Unidos.

“Palhaços”

O economista americano Paul Krugman, prêmio Nobel de Economia em 2008, criticou os analistas da S&P, os chamando de “palhaços”. Na ocasião, ele criticou as justificativas e contestou o fato de a agência ter cortado o rating citando apenas dúvidas sobre o cenário político da maior economia do mundo.

Na avaliação de Krugman, ninguém está ligando para o rebaixamento. "A S&P declarou que a dívida americana já não é um investimento seguro; mas os investidores estão em busca dela; e não fugindo dela”, disse o economista. “Isso mostra uma rejeição massiva do mercado às preocupações da agência de classificação de risco", acrescentou.

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