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Mercado vê riscos em ausência de números de Casas Bahia

São Paulo - O novo acordo anunciado na sexta-feira por Pão de Açúcar e Casas Bahia pôs fim ao impasse quanto ao processo de integração das varejistas, mas ainda mantém certo grau de incerteza entre os agentes de mercado. Apesar de considerarem os termos do acordo mais favoráveis para a família Klein, analistas que acompanham […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.

São Paulo - O novo acordo anunciado na sexta-feira por Pão de Açúcar e Casas Bahia pôs fim ao impasse quanto ao processo de integração das varejistas, mas ainda mantém certo grau de incerteza entre os agentes de mercado.

Apesar de considerarem os termos do acordo mais favoráveis para a família Klein, analistas que acompanham o setor de varejo veem risco no fato dos números da companhia ainda não serem conhecidos.

Com a reformulação do contrato, revisado por cerca de três meses a pedido da Casas Bahia, o aluguel dos imóveis foi elevado de 130 milhões para 140 milhões de reais anuais nos três primeiros anos.

Ainda pelo novo acordo, válido por seis anos e prorrogável por mais dois, o Grupo Pão de Açúcar injetará 689,8 milhões de reais na nova empresa, incluindo a emissão de novas ações da Globex e aporte de 89,9 milhões de reais já previsto para as lojas Extra-Eletro.

Com isso, o Pão de Açúcar passará a deter 53 por cento da nova companhia --ante 50 por cento mais uma ação no acordo anterior--, enquanto a família Klein ficará com 47 por cento do capital.

Outra reivindicação dos Klein envolvia a possibilidade de poderem sair do negócio em um prazo menor. Após as negociações, a família poderá vender a totalidade de sua participação na Nova Casas Bahia depois de dois anos.

"Em linhas gerais, pode-se afirmar que o Grupo Pão de Açúcar fez maiores concessões à família Klein... Depois de um longo período de renegociação, durante o qual uma série de incertezas e falta de disclosure pesaram sobre os papéis da companhia, o anúncio de manutenção da sociedade deverá trazer alívio aos investidores", afirma a analista Juliana Campos, da Ativa Corretora, em relatório.


As incertezas, contudo, giram em torno da não divulgação, até o momento, dos números referentes às operações de Casas Bahia, que serão integradas à Globex (Ponto Frio) --adquirida pelo Pão de Açúcar em junho de 2009-- e às lojas Extra-Eletro, formando a Nova Casas Bahia, que concentrará as operações de bens duráveis.

Em teleconferência na sexta-feira para comentar a revisão do contrato, o diretor-presidente do Pão de Açúcar, Enéas Pestana, disse que as expectativas de margens, sinergias e metas, assim como o balanço da empresa adquirida, serão conhecidos em cerca de 30 dias, a partir de 30 de junho. Já a incorporação das companhias deve ser concluída em até quatro meses.

"Apesar do novo acordo ser marginalmente positivo para a Casas Bahia, uma vez que assumiu uma abordagem mais conservadora sobre a questão... nossa principal preocupação permanece: a falta de dados financeiros sobre Casas Bahia", assinala Ricardo Boiati, analista do Bradesco, acrescentando que a família Klein se beneficiou de um contrato mais equilibrado.

No mesmo sentido, Carlos Albano, analista do Citi, considera os novos termos "levemente piores" para Pão de Açúcar em relação ao acordo firmado em dezembro de 2009, embora acima das expectativas do mercado.

"Desde a aquisição da Casas Bahia, o Pão de Açúcar forneceu informações limitadas sobre a empresa. A falta de um balanço e de informações sobre rentabilidade cria um risco adicional", observa.

Outro risco apontado por Albano envolve a aprovação do negócio por parte do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que deve aprovar, mas impor restrições à fusão.

"A criação de uma empresa com cerca de 27 por cento de marketshare e com lojas concentradas em relativamente poucos Estados, principalmente São Paulo e Rio de Janeiro, pode levar o Cade a impor algumas restrições à fusão. Se restrições significativas forem impostas, as estimativas para as receitas serão reduzidas", afirma.

Por outro lado, o analista do Citi considera que a estratégia do Pão de Açúcar de melhorar significativamente os resultados da rede Ponto Frio, migrando para território positivo, deve ter sucesso, a menos que o processo de recuperação demore mais tempo do que o previsto.

Às 15h10, as ações do Pão de Açúcar exibiam alta de 0,47 por cento, a 63,50 reais, enquanto o Ibovespa mostrava desvalorização de 0,47 por cento.

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