Alguns dos principais bancos que acompanham o desempenho da economia brasileira passaram a ver um crescimento mais acelerado do PIB neste ano, na casa de 3%, em razão dos dados do segundo trimestre acima da estimativa do mercado.
O resultado também reforça a perspectiva de que o Banco Central manterá o ritmo de queda da Selic em 0,50 ponto percentual na próxima reunião do Copom — essa é precificação atual da curva de juros.
O PIB cresceu 0,9% no segundo trimestre na comparação trimestral, ante estimativa mediana de expansão de 0,3%. O dado foi puxado pelo consumo das famílias e do governo, indústria e serviços. Ao contrário do trimeste anterior, desta vez o desempenho da agropecuária foi negativo.
A pesquisa Focus com economistas desta semana ainda mostrava uma estimativa de expansão de apenas 2,31% do PIB este ano. Após a divulgação do PIB, a bolsa brasileira engatou em forte alta, e avançava perto de 1,5% às 12h30.
Veja comentários dos analistas:
Alberto Ramos, economista-chefe para América Latina do Goldman Sachs
- PIB real agora está a caminho de crescer mais de 3% em 2023, diz o economista, que previa uma expansão de 2,65% no ano antes do dado divulgado nesta sexta-feira
- “Estes números reforçam a necessidade de cautela e podem limitar o quão longe o Copom poderá ir no ciclo de alívio”
- Mercado de trabalho apertado e o fechamento do hiato do produto requerem prudência na política monetária
- PIB mostrou forte consumo privado e aumento dos gastos do governo
Gabriel Couto, economista do Santander Brasil
- Resultado do PIB implica um carregamento estatístico de 3,1% para 2023
- Projeção do banco para o ano, atualmente em 1,9%, está sob revisão com tendência de alta
- Apesar das condições financeiras continuarem em níveis criticamente restritivos, indicadores de atividade têm mostrado alta resiliência
Rodolfo Margato, economista da XP
- Projeções vão caminhar para algo mais próximo de 3% em 2023
- “PIB mostra quadro de economia resiliente”
- Lado da demanda veio dentro das estimativas, mas investimentos tiveram desempenho mais fraco; consumo das famílias ficou acima do esperado e exportações foram fortes
Laiz Carvalho, economista para Brasil do BNP Paribas
- “PIB traz viés de alta para nossa projeção de 2,5%. Só o carregamento estatístico para o ano é de 3,1%”
- “Tivemos o consumo das famílias e governo bastante positivos, mostrando que está circulando bastante dinheiro na economia e há resiliência do mercado de trabalho”
William Jackson, economista-chefe de mercados emergentes da Capital Economics, em relatório
- Força atual da economia provavelmente exclui a possibilidade de o Banco Central acelerar o ritmo do ciclo de flexibilização;
- Economia está no caminho para uma expansão de cerca de 3,5% ao longo do ano, mesmo com expectativa de desaceleração no segundo semestre;
- “O crescimento do consumo das famílias e do governo se recuperou a partir do primeiro trimestre, enquanto o investimento fixo se expandiu após dois trimestres consecutivos de contração”.
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