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Da Redação
Publicado em 24 de outubro de 2012 às 09h46.
São Paulo – O medo de que o recente cerco do governo ao setor financeiro chegue ao mercado de pagamentos eletrônicos tem sido crucial para o desempenho ruim das ações da Cielo a partir do final de setembro. Desde o dia 20 daquele mês, quando as ações (CIEL3) foram negociadas a 60,98 reais, a queda já chega a 23%.
Os investidores temem que o Banco Central anuncie em breve que passará a ser o regulador do mercado e passe a fiscalizá-lo com maior afinco. O BC divulga desde 2010, em conjunto com Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, um relatório sobre a indústria de cartões de pagamentos. (veja o último).
“A visibilidade tem piorado a cada semana, e agora esperamos que os riscos regulatórios do setor subam”, explicam Marcelo Henriques e Eduardo Rosman, analistas do BTG Pactual. Eles reduziram o preço-alvo às ações da Cielo de 63 reais para 48 reais. A recomendação, cortada em 26 de setembro, foi mantida em neutra.
Em 5 de outubro, o Citi também diminuiu a indicação aos papéis ao visualizar um aumento da interferência do governo. “A pressão do governo para a redução dos juros do cartão de crédito deve ter impacto negativo sobre os resultados da Cielo”, disse a equipe formada por Daniel Abut, Juan Arandia e Carlos Rivera.
A percepção do governo é de que a quebra da exclusividade do setor (Cielo com a Visa e Redecard com a Mastercard) não foi suficiente para criar uma pressão sobre as taxas cobradas pelas empresas aos lojistas, mesmo com a entrada de novos participantes (Elavon e GetNet).
Segundo o BTG, o BC pode começar a interferir no setor por meio da regulação dos pagamentos por celulares.