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Mercado reverte aposta que BC fará maior corte de juro do G20

Crescem as especulações de que o Copom não fará corte maior que meio ponto percentual com a redução nos receios de que a crise de dívida europeia leve a recessão mundial

Operadores estão apostando que o Comitê de Política Monetária reduzirá a Selic pela segunda vez consecutiva em 0,5%, para 11,5% (Marcello Casal Jr./ABr)

Operadores estão apostando que o Comitê de Política Monetária reduzirá a Selic pela segunda vez consecutiva em 0,5%, para 11,5% (Marcello Casal Jr./ABr)

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Da Redação

Publicado em 17 de outubro de 2011 às 06h23.

Nova York/Brasília - Operadores do mercado de renda fixa estão abandonando as apostas de que Banco Central vai fazer esta semana o maior corte de juros entre países do G20. A inflação mais forte e a recuperação do mercado mundial levaram à mudança nas previsões.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro com vencimento em janeiro de 2013 subiu 22 pontos-base desde 30 de setembro, para 10,55 por cento. Foi a maior alta para um período de duas semanas desde julho. A taxa indica que operadores estão apostando que o Comitê de Política Monetária reduzirá a Selic pela segunda vez consecutiva em 0,5 ponto percentual, para 11,5 por cento. Há duas semanas, as apostas eram em um corte de 0,75 ponto percentual, que seria o maior feito este ano pelos principais bancos centrais do mundo.

Crescem as especulações de que o Copom, liderado pelo presidente do BC, Alexandre Tombini, não fará um corte maior que meio ponto percentual com a redução nos receios de que a crise de dívida da Europa leve a uma recessão mundial. O Copom disse que o corte em 31 de agosto, que foi seguido por Indonésia e Israel, foi baseado na expectativa de que a desaceleração do crescimento mundial ajudaria a conter a alta dos preços ao consumidor. A taxa de inflação acumulada em 12 meses chegou ao maior nível de seis anos ao atingir 7,31 por cento em setembro.

“Não há muito espaço para cortes, a menos que você ache que o mundo está desabando”, disse Marcelo Salomon, economista para o Brasil no Barclays Plc em Nova York, em entrevista por telefone. “Eles estão cortando com base no cenário mundial.”

Expectativas de inflação

O índice que acompanha as bolsas mundiais conhecido como MSCI All-Country World Index teve o maior ganho semanal desde julho, reduzindo a queda no ano para 7,3 por cento, em reação à preparação de planos pelas autoridades do Grupo dos 20 para recapitalizar bancos e conter a crise de dívida da Europa. Nos Estados Unidos, a criação de empregos em setembro foi maior que o esperado e as vendas no varejo subiram, diminuindo preocupações com uma recaída da maior economia do mundo na recessão.

A diferença entre a taxa das Notas do Tesouro Nacional série B, que são atreladas à inflação, e dos contratos de DI com vencimento em 2013 -- que reflete as expectativas dos investidores para o avanço dos preços ao consumidor - aumentou para 6,3 pontos percentuais, contra 6,1 pontos em 30 de setembro, segundo dados compilados pela Bloomberg. A chamada taxa de inflação implícita atingiu o maior nível em três anos de 6,5 pontos percentuais em 21 de setembro.

Tombini, que prometeu baixar a inflação para o centro da meta de 4,5 por cento até o fim do ano que vem, disse em 6 de outubro que ajustes “moderados” nos juros são a estratégia adequada, reduzindo especulações de que a Selic seria cortada 75 pontos-base.


Corte surpresa

“As expectativas de inflação estão muito altas em relação à meta do Banco Central”, disse Leonardo Sapienza, economista- chefe do Banco Votorantim SA, em entrevista por telefone de São Paulo. “Eles têm de considerar este lado da equação. Um corte de 50 pontos-base é o cenário mais provável agora.”

O Copom citou uma “substancial deterioração” na economia global quando reduziu a Selic em 31 de agosto, numa decisão que surpreendeu todos os 62 economistas sondados pela Bloomberg. A Turquia, o primeiro país do G20 a baixar juros, cortou sua taxa em 75 pontos-base este ano.

Tony Volpon, estrategista para América Latina da Nomura Holdings Inc., disse que indicadores mostrando crescimento menor e queda nas vendas no varejo levarão o BC a baixar a Selic em 75 pontos-base. O Índice de Atividade Econômica do BC, que funciona como referência para o Produto Interno Bruto, caiu 0,53 por cento em agosto, a maior retração desde dezembro de 2008. As vendas no varejo tiveram em agosto queda de 0,4 por cento, a maior desde março de 2010.

‘Desaceleração mais acentuada’

“Fora o fato de o Banco Central continuar preocupado com o que está acontecendo fora do Brasil, agora existe uma novidade a ser levada em conta, que é uma desaceleração do crescimento mais acentuada do que praticamente todo mundo previa”, disse Volpon em entrevista por telefone do Rio de Janeiro. “Podemos ver uma fase de crescimento muito negativa apesar de tudo o que está acontecendo fora do Brasil.”

Em 29 de setembro, o BC baixou sua projeção para o crescimento econômico este ano de 4 por cento para 3,5 por cento. O PIB se expandiu 7,5 por cento em 2010, o ritmo mais rápido em mais de duas décadas.

“Temos que nos preocupar com a inflação”, disse Roberto Simões, chefe de tesouraria no BES Investimentos do Brasil, em entrevista por telefone de São Paulo. “O cenário internacional teria que ficar muito pior para que a inflação convirja para a meta.”

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