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Mercado pressiona Fed por novo corte de 50 na próxima reunião

Queda de juros mais agressiva em início de ciclo gera preocupações sobre potencial desaceleração da economia americana

Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, tentou tranquilizou o mercado sobre risco de estar "behind the curve" (Samuel Corum//Getty Images)

Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, tentou tranquilizou o mercado sobre risco de estar "behind the curve" (Samuel Corum//Getty Images)

Guilherme Guilherme
Guilherme Guilherme

Repórter de Invest

Publicado em 18 de setembro de 2024 às 16h33.

Última atualização em 18 de setembro de 2024 às 16h37.

O Federal Reserve (Fed) realizou nesta quarta-feira, 18, seu primeiro corte de juros em mais de quatro anos, ao reduzir a taxa de referência dos Estados Unidos em 50 pontos-base (bps), para o intervalo de 4,75% a 5%. A decisão veio em um ambiente de incertezas sobre a magnitude do corte, com parte do mercado apostando em uma redução mais moderada, de 25 bps, enquanto outra parcela esperava os 50 bps.

Com a confirmação do corte de 50 pontos-base, aumentaram as apostas de que essa dose será repetida na próxima reunião de política monetária, marcada para 7 de novembro.

Na tarde de hoje, investidores passaram a precificar uma probabilidade de 41% de que o Fed realizará mais um corte de 50 bps, ante os 29% precificados na véspera, de acordo com o FedWatch do CME Group.

A principal preocupação do mercado é a possibilidade de o Fed estar "atrasado" em sua resposta às condições econômicas atuais, precisando de ações mais drásticas para se alinhar à realidade.

"Por que o Fed iniciaria um ciclo de cortes com uma redução tão agressiva? Será que estão observando dados que o mercado ainda não viu, indicando uma maior chance de recessão? A tendência é o mercado ficar mais atento a isso", comentou o gestor de um grande multifamily office da Faria Lima.

Em coletiva de imprensa após a decisão, o presidente do Fed, Jerome Powell, tentou minimizar as preocupações, afirmando que a economia dos EUA está "crescendo em um ritmo sólido" e aconselhou o mercado a não assumir automaticamente que esse será o "novo padrão" de cortes.

"Vamos seguir com cautela, reunião por reunião, tomando decisões conforme avançamos", disse Powell.

Reações no mercado

Apesar do corte mais agressivo do que o esperado por parte do mercado, as reações foram mistas nas bolsas de valores. Nos Estados Unidos, os principais índices (S&P, Nasdaq e Dow Jones) operavam próximos à estabilidade, enquanto o índice Russell 2000, focado em small caps, subia mais de 1%.

No Brasil, o Ibovespa apresentava leve queda. No entanto, o real se valorizou fortemente frente ao dólar, impulsionado pela queda de juros nos Estados Unidos e pela expectativa de que o Comitê de Política Monetária (Copom) eleve a Selic em 25 pontos-base nesta noite, para 10,75%. Caso essa alta se confirme, o diferencial de juros entre os dois países aumentará, o que tende a favorecer o real.

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