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Mercado espera que Tombini reprise 'Lula-Meirelles' subindo juros

Já nos EUA, juros futuros indicam que expectativa é de aumento da taxa básica para 0,5% já em janeiro

Pelas taxas de DI, mercado espera que Tombini suba a Selic para 13% no fim de 2011 (Fabio Rodrigues Pozzebom/AGÊNCIA BRASIL)

Pelas taxas de DI, mercado espera que Tombini suba a Selic para 13% no fim de 2011 (Fabio Rodrigues Pozzebom/AGÊNCIA BRASIL)

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Da Redação

Publicado em 25 de novembro de 2010 às 08h25.

São Paulo/Nova York - A indicação de Alexandre Tombini para presidir o Banco Central está levando investidores a apostarem num aumento da taxa básica de juros no primeiro mês dele à frente da autoridade monetária.

Operadores esperam que o BC aumenta a taxa Selic em pelo menos 25 pontos-base, ou 0,25 ponto percentual, para 11 por cento até janeiro, segundo a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro que vence naquele mês. Em 19 de novembro esses contratos sinalizavam um aumento menor do que 25 pontos-base. Os juros futuros americanos mostram 10 por cento de chance de o Federal Reserve elevar a taxa básica para 0,5 por cento em janeiro. Hoje ele está entre zero e 0,25 por cento.

Tombini, de 46 anos, substituirá Henrique Meirelles se for aprovado pelo Senado. Ele assumirá o comando do BC após o salto de 27 por cento nos gastos públicos nos nove primeiros meses do ano ter ajudado a levar a inflação para o nível mais alto desde maio. Meirelles, de 65 anos, subiu os juros no primeiro mês de mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, quando a inflação anual chegava a 17 por cento.

“Muita gente está apostando que a alta dos juros vai acontecer rapidamente”, disse Felipe Brandão, analista de mercados emergentes da ICAP Brasil SA numa entrevista por telefone de São Paulo. ”O mercado acha que Tombini será forçado a subir a Selic por causa da inflação. Os números estão altos agora, mas a tendência para 2011 não está definida.”

A alta de preços dos alimentos, incluindo feijão e milho, ajudou a impulsionar a taxa anual de inflação para 5,2 por cento em outubro, a maior em cinco meses. O índice de Preços ao Consumidor Amplo - 15 subiu 0,86 por cento em novembro, o ritmo mais forte em nove meses, disse o Instituto Nacional de Geografia e Estatística no dia 23.


Taxas futuras

A taxa do DI para janeiro de 2011 subiu para 10,70 por cento esta semana, a maior desde 1 de setembro. O contrato para janeiro de 2012 subiu 20 pontos-base, ou 0,2 ponto percentual, para 11,86 por cento esta semana. Esse nível mostra que o mercado espera uma alta da Selic para cerca de 13 por cento até o fim do ano que vem, de acordo com dados da Bloomberg. A taxa está hoje em 10,75 por cento. Sob Meirelles, o BC elevou a Selic em 200 pontos-base, ou 2 pontos percentuais, este ano para evitar um superaquecimento da economia.

Dilma, que decidiu manter Guido Mantega como ministro da Fazenda, confirmou ontem a indicação de Tombini, afirmando que vai dar continuidade às políticas econômicas do governo anterior. Tombini, que tem doutourado pela Universidade de Illinois, está na diretoria do BC desde 2005. Antes disso, ele foi assessor sênior para a diretoria executiva do Brasil no Fundo Monetário Internacional.

Aperto

“A pressão nos juros futuros de curto prazo é porque, se for necessário, o mercado acha que o Tombini vai fazer o aperto” monetário, disse Zeina Latif, economista-sênior da RBS Securities Inc., numa entrevista por telefone de São Paulo.

Tombini não quis fazer comentários sobre as perspectivas para os juros, na entrevista coletiva ontem em Brasília, depois de sua indicação ter sido anunciada.

O déficit nominal das contas públicas subiu para o equivalente a 3,4 por cento do Produto Interno Bruto em agosto, o maior nível em cinco meses. Em setembro, o déficit caiu para 2,4 por cento, depois do governo contabilizar a entrada de recursos com a venda de suas reservas de petróleo para a Petróleo Brasileiro SA.

Mantega disse numa entrevista em 13 de novembro que os esforços do governo Dilma para reduzir os gastos vão permitir um corte de juros pelo BC no ano que vem.

Na entrevista coletiva ontem, em Brasília, o ministro disse que o governo vai fazer um “esforço” para reduzir o gasto público no ano que vem.

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