Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central | Foto: Adriano Machado/Reuters (Adriano Machado/Reuters)
Guilherme Guilherme
Publicado em 16 de junho de 2021 às 08h54.
Última atualização em 16 de junho de 2021 às 09h01.
O Comitê de Política Monetária (Copom) irá divulgar sua decisão sobre a taxa Selic nesta quarta-feira, 16, às 18h. Embora tenham crescido as pressões para elevação de 1 ponto percentual (p.p.), a expectativa majoritária do mercado ainda é de alta de 0,75 p.p. para 4,25% ao ano, como já sinalizado na ata da última reunião.
A novidade deve ficar para o comunicado, que, segundo economistas, deve apresentar uma postura mais firme em relação ao controle da inflação, abandonando o compromisso de um ajuste apenas “parcial” na taxa de juros.
Para economistas do BTG Pactual Digital (do mesmo grupo controlador da Exame), o que deve levar à mudança do tom é a melhora da perspectiva econômica para o segundo semestre, que pode alimentar ainda mais a inflação, que já está em 8,06% no acumulado de 12 meses.
“Este ambiente de atividade mais forte que o esperado tem antecipado nossas expectativas de fechamento do hiato do produto. Portanto, para evitar que o IPCA do próximo ano não descumpra as regras de meta de inflação, é prudente que o Banco Central faça um comunicado mais duro”, afirma a equipe de Research em relatório.
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Desde a última reunião do Copom, o PIB do primeiro trimestre saiu acima das expectativas e o mercado revisou para cima as projeções de crescimento para este ano, assim como as de inflação. Com os eventos recentes, o BTG mudou sua estimativa de Selic para o fim de 2021 de 5,5% para 6,5%.
Para o economista Nicolas Borsoi, da Nova Futura, o abandono da “normalização parcial da política monetária” no comunicado de hoje deve sinalizar uma Selic entre 5,5% e 6% já não está mais nos planos do Banco Central.
“A continuidade da alta nas expectativas de inflação, em especial a do IPCA de 2022, demonstram que o processo inflacionário continua exigindo retirada de estímulos”, afirma.
Com a retirada do termo “ajuste parcial”, Thomas Giuberti, sócio da Golden Investimentos, acredita que em agosto, em vez do Banco Central subir a taxa de juros em 0,5 p.p., haverá um novo incremento de 0,75 p.p., com a Selic chegando a 5% ao ano.
“O mercado quer o Banco Central mais contracionista para ancorar as expectativas de inflação para 2022, que começaram a ficar mais abertas”, diz Giuberti.