A taxa do Treasury de 10 anos caiu cerca de 0,6 ponto percentual em relação à máxima de de 5,02% atingida em outubro (Samuel Corum//Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 21 de novembro de 2023 às 12h49.
Última atualização em 21 de novembro de 2023 às 12h58.
Os investidores do mercado de renda fixa dos Estados Unidos duvidam cada vez mais da capacidade do Federal Reserve (Fed, banco central americano) de conseguir levar a economia a um pouso suave, e voltaram a se posicionar para uma recessão.
Essa é a sinalização do chamado prêmio de prazo, o rendimento extra que os investidores exigem para tomar treasuries americanos de longo prazo quando o mercado está mais preocupado com riscos como inflação e o alto endividamento do governo, como foi o caso nos últimos dois meses.
Na sexta-feira, o indicador voltou a ficar negativo, com um desconto de 1.7 ponto-base para o Treasury de dez anos, comparado a um prêmio de 48 pontos-base no final de outubro, de acordo com o Fed de Nova York.
Essa reversão, acompanhada de um forte recuo dos yields, sinaliza expectativas de uma recessão em 2024 que forçará o Fed a cortar juros, ao mesmo tempo que minimiza a preocupação recente com o aumento da emissão de dívida do governo.
Um prêmio de prazo negativo é um sinal de que as perspectivas econômicas se deterioraram, segundo George Goncalves, chefe de estratégia macro da MUFG.
Mas o mercado de Treasuries pode estar se precipitando ao apostar que a inflação foi controlada, disse Alberto Gallo, cofundador da Andromeda Capital Management. “Vemos riscos de volta da inflação no horizonte nos EUA e uma recessão moderada na zona euro.”
A taxa do Treasury de dez anos já caiu cerca de 0,6 ponto percentual em relação à máxima de 16 anos de 5,02% atingida em 23 de outubro. Isso obrigou muitos investidores a fecharem suas posições vendidas, que apostavam na alta das taxas.
“Este declínio dos yields tem menos a ver com a mudança de opinião dos investidores sobre a dívida ou a inflação e mais com o fato de os investidores sistemáticos serem forçados a cobrir posições vendidas extremas”, disse Nikolaos Panigirtzoglou, estrategista global do JPMorgan em Londres.