Títulos chineses: As vendas superaram o ritmo de saída recorde anterior de fevereiro (Aly Song/Reuters)
Bloomberg
Publicado em 8 de abril de 2022 às 15h32.
Os fundos globais fizeram uma redução recorde em suas participações em títulos chineses no mês passado, em meio a vantagem de rendimento cada vez menor sobre os EUA e incertezas geopolíticas impostas pela guerra na Ucrânia.
Investidores estrangeiros descarregaram 51,8 bilhões de yuans (US$ 8 bilhões) de dívida soberana chinesa em março, reduzindo suas participações para 2,43 trilhões de yuans, segundo cálculos da Bloomberg baseados em dados da Chinabond. Dados divulgados pelo Banco Popular da China também mostraram uma retirada recorde em março.
As vendas superaram o ritmo de saída recorde anterior de fevereiro. O spread de rendimento entre títulos chineses de referência e títulos do Tesouro americano quase desapareceu, levando o interesse de fundos globais, incluindo Pacific Investment Management (Pimco) e AllianceBernstein, a esfriar.
“Os investidores que anteriormente detinham posições overweight em títulos domésticos da China devido ao alto carry, uma perspectiva de moeda forte e um banco central mais dovish podem continuar a reduzir a exposição para neutro no curto prazo, à medida que as vantagens anteriores desaparecem”, disse Becky Liu, chefe de estratégia macro da China no Standard Chartered.
A dívida da China deu retornos altos em 2021, com a postura monetária mais branda do país em comparação com os EUA aumentando seu apelo. Embora as esperanças de uma maior flexibilização pelo banco central chinês permaneçam, uma liquidação nos títulos do Tesouro americano devido às expectativas de aumentos agressivos nas taxas do Federal Reserve está acabando com a vantagem de rendimento da China pela primeira vez em mais de uma década.
O prêmio das notas chinesas de 10 anos sobre Treasuries de prazos semelhantes caiu para cerca de 0,08 ponto percentual, contra mais de 1 ponto percentual no início do ano. Fundos globais detinham 10,8% dos títulos soberanos chineses no mês passado, contra 11,1% em fevereiro.
Dados de alta frequência detectaram saídas em escala “sem precedentes” dos mercados de ações e dívida da China desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro, mesmo com os investimentos em outros mercados emergentes se mantendo, de acordo com relatório do Instituto de Finanças Internacionais no final do mês passado.
O nível atual de saída do mercado de títulos provavelmente não provocará nenhuma reação do banco central chinês, pois isso poderia gerar dúvidas sobre a abertura do mercado de títulos, de acordo com David Qu, analista da Bloomberg Economics. “Se virmos uma fuga de capital muito maior, o banco central pode olhar para isso, mas é improvável que tome medidas agressivas”, disse ele.
Os investimentos estrangeiros em ativos em yuan aumentará no futuro e as flutuações de curto prazo nos fluxos de capital estão em uma “faixa controlável”, de acordo com relatório do Caixin, citando um funcionário não identificado da Administração Estatal de Câmbio.