Visitantes observam preços de ações em monitores da BM&FBovespa: índice da bolsa caiu 15,5% em 2013, o pior resultado entre as bolsas de 48 países (Paulo Whitaker/Reuters)
Da Redação
Publicado em 20 de março de 2014 às 18h11.
São Paulo - O mercado de capitais brasileiro saiu do radar das empresas e investidores, com o Índice Bovespa em forte queda e redução nas ofertas públicas. E a culpa é do governo federal, avaliam analistas ouvidos pela revista RI.
Em reportagem publicada na edição deste mês, diversos especialistas afirmam que o retrocesso no mercado de capitais é causado pela política econômica da presidente Dilma Rousseff, que resultou no fraco desempenho do PIB no ano passado, com crescimento de 2,3% apenas, além de mudanças nos marcos regulatórios, como no de concessões do setor elétrico e exploração do petróleo.
O resultado foi que o Índice Bovespa, principal referencial do mercado brasileiro de ações, caiu 15,5% em 2013, o pior resultado entre as bolsas de 48 países. Papéis importantes despencaram, caso da Petrobras, por conta das perdas da empresa provocadas pela contenção dos preços dos combustíveis para segurar a inflação.
As perdas da Petrobras são superiores a mais de 10 anos de Bolsa Família, observa Thomás Tosta de Sá, superintendente do Instituto Brasileiro do Mercado de Capitais (Ibmec). Já o trabalhador que investiu o dinheiro do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para comprar ações da Petrobras na oferta de 2010 tem hoje uma rentabilidade pior que a do próprio fundo, de Taxa Referencial mais 3% ao ano.
Isso porque as ações da estatal, que foram vendidas por R$ 30,10 na oferta, fecharam 2013 em R$ 16,00, uma perda de 46,8%. Hoje, os papéis estão ainda mais baratos, entre R$ 13,00 e R$ 14,00.
O lucro de 2013 da Petrobras foi o segundo pior dos últimos seis anos, destaca a reportagem, perdendo apenas para o de 2012, que registrou queda de 36% em relação ao de 2011.
A falta de confiança nos contratos e nas políticas do governo levou os estrangeiros a se afastar do Brasil, afirma o diretor da Mesa Corporate Governance, Heibert Steinberg. “Os bancos de investimento não falam mais de Brasil”, diz. “Não tem crise em si, mas na conjuntura econômica”, acrescenta. “Falta credibilidade no país por causa das ações do governo.”
Além do desempenho do PIB e das mudanças de regras, há o impacto do forte volume de empréstimos ofertado pelo BNDES e outros bancos oficiais, que acabam ocupando o lugar do mercado de capitais como fonte de financiamento das empresas. Em 2007, ano de forte crescimento do PIB, 64 empresas abriram seu capital na bolsa por meio de IPO. Já entre 2010 e 2013, foram apenas 36 operações.