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Menor poder de compra pressiona resultado da Camil no 3º tri fiscal de 2022

Lucro líquido e receita cresceram, mas a companhia vendeu menor volume de setembro a novembro

Camil Alimentos: IPO é o 8° da Bolsa neste ano (Germano Lüders/Site Exame)

Camil Alimentos: IPO é o 8° da Bolsa neste ano (Germano Lüders/Site Exame)

O ambiente macroeconômico ainda difícil pesou sobre o resultado da fabricante de alimentos Camil (CAML3), dona da marca de arroz e feijão de mesmo nome, bem como do açúcar e café União, dos biscoitos Mabel e dos pescados enlatados Coqueiro.

No terceiro trimestre fiscal de 2022, encerrado ao fim de novembro, a empresa registrou um lucro líquido de R$ 147,1 milhões, 22,1% maior do que um ano antes. O Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) somou R$ 310 milhões, um aumento de 54%.

O resultado, porém, reflete o ganho de R$ 199 milhões com o que é chamado "compra vantajosa" relacionada à aquisição da Mabel. A compra vantajosa acontece quando a avaliação do negócio mostra que o valor do ativo supera o montante pago na transação.

Se observado, no entanto, os números operacionais, o desempenho ainda ficou "aquém das expectativas", admite Flávio Vargas, diretor de relações com investidores da Camil. "O segundo trimestre já vinha com compressão dos resultados pela dificuldade do ambiente de negócios. No terceiro trimestre isso continuou", observa ele.

A receita líquida da companhia até cresceu, avançando 14,4%, para R$ 2,60 bilhões, mas o volume ficou 1,9% menor, a 519,1 mil toneladas.

Na conta, entraram alguns fatores externos e não recorrentes, como a Copa do Mundo, em que o cliente dá menos foco para os produtos básicos. O ajuste de estoques do varejo também perdurou no trimestre terminado em novembro, segundo o executivo. "Continuamos tendo uma pressão no poder de compra e acho que isso vai continuar por algum período", avalia.

Para os próximos trimestres, porém, várias condicionantes pesam de forma distinta: a Copa do Mundo acabou, o problema de inventário também não se faz mais sentir, mas a o bolso do consumidor ainda está apertado. Nem mesmo o aumento para R$ 600 do que era o então "Auxílio Brasil" foi muito percebido nos números da companhia, diz Vargas.

"No entanto, vemos um horizonte de recuperação, por menor influência desses fatores exógênos e por preços ainda em patamares altos", diz ele. No terceiro trimestre, entre os produtos vendidos pela companhia, somente o preço líquido do açúcar caiu.

Cerca de dois anos de incorporações de marcas em novas categorias, como café, massas e biscoitos, o executivo diz que a mudança de perfil da companhia tem sido positiva. "Os segmentos novos têm performado bem e a expectativa da companhia é muito grande." Eles têm ajudado a empresa a intensificar sua estratégia de rentabilidade, com produtos com margens mais robustas. "Hoje a companhia tem muito claro que temos um negócio muito bom, de alto giro, que paga a conta. E tem a oportunidade grande de crescimento em segmentos que têm, na média, uma rentabilidade maior."

O diretor diz que a empresa tem sido mais rigorosa na parte de negociação de preços com o varejo. "A companhia gera 10% de margem, 1% de preço é 10% do resultado. Aqui literalmente é de grão em grão que fazemos o resultado", diz ele falando no mix de custos e preços aos clientes.

 

 

 

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