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Meli repete a dose e entrega mais um trimestre de crescimento e melhora de margem; ação sobe 9%

Número de compradores únicos aumentou 25% no comparativo anual para quase 67 milhões, atingindo o maior crescimento no número de novos compradores desde o início de 2021

Mrercado Livre: GMV aumentou 17% em dólares em relação ao ano anterior, totalizando US$ 13,3 bilhões (Leandro Fonseca/Exame)

Mrercado Livre: GMV aumentou 17% em dólares em relação ao ano anterior, totalizando US$ 13,3 bilhões (Leandro Fonseca/Exame)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 7 de maio de 2025 às 17h26.

Última atualização em 7 de maio de 2025 às 17h34.

O Mercado Livre reportou mais um trimestre de operação forte, reforçando a tese dos diversos bancos de investimento que apontam a companhia como ação preferida do setor de varejo.

De janeiro a março, a varejista online reportou uma receita líquida de US$ 5,9 bilhões, um crescimento de 37% em comparação com o mesmo período de 2024. O lucro líquido foi de US$ 494 milhões, marcando uma alta de 44% no ano -- em linha com as expectativas otimistas do mercado.

No trimestre, o volume de vendas brutas (GMV), que é o valor total das mercadorias vendidas na plataforma, aumentou 17% em dólares em relação ao ano anterior, totalizando US$ 13,3 bilhões, com um crescimento de 40% em moeda constante (com efeito da variação cambial neutralizado).

Um ponto de destaque é que o número de compradores únicos aumentou 25% no comparativo anual para quase 67 milhões, atingindo o maior crescimento no número de novos compradores desde o início de 2021. Esse avanço acontece mesmo em meio à ofensiva das plataformas asiáticas na América Latina. Dados de mercado apontam que Shopee e a entrante Temu têm conseguido liderar essa corrida por novos clientes.

"Sempre enfrentamos concorrência. O mercado muda, mas estamos confiantes na nossa proposta de valor. Nosso foco segue sendo melhorar a experiência do usuário, ampliando a oferta de produtos e entregando cada vez mais rápido", diz Leandro Cucioli, vice-presidente de Desenvolvimento Corporativo, Estratégia, Sustentabilidade e Relações com Investidores.

A receita líquida do segmento de varejo no primeiro trimestre cresceu 32% em dólares na comparação anual, alcançando US$ 3,3 bilhões, um crescimento de 59% em moeda neutra. No Brasil, o GMV avançou 30%, enquanto aumentou 23% no México. O Meli é, com bastante distância de vantagem, o líder do varejo online brasileiro, com 40% das vendas. Por aqui, a companhia anunciou recentemente o maior patamar de investimento de sua história: R$ 34 bilhões em 2025.

Além de expandir em mercados estratégicos como Brasil e México, o Mercado Livre segue apostando fortemente no Mercado Pago como motor de crescimento, principalmente com a expansão do crédito e do uso de contas digitais. O número de usuários ativos mensais do Mercado Pago atingiu 64 milhões no primeiro trimestre, um aumento de 31% na comparação anual, com o Brasil, México e Chile superando a média geral.

A carteira de crédito da fintech chegou a US$ 7,8 bilhões, com crescimento particularmente forte no Brasil. Apesar desse crescimento acelerado, a empresa tem adotado uma abordagem cautelosa em relação à concessão de crédito, monitorando de perto a capacidade de pagamento das famílias e ajustando suas ofertas conforme necessário para manter a qualidade da carteira.

"Estamos expandindo o crédito, mas sempre com fundamentos sólidos. Observamos de perto as questões macro em termos de curto prazo e de capacidade de pagamento das famílias, mas não muda a oportunidade estrutural que temos à frente", afirma Cucioli.

Em relação às tarifas, Leandro comentou que o impacto das mudanças nas tarifas comerciais, especialmente após o anúncio das novas tarifas dos Estados Unidos, tem sido limitado para o Mercado Livre. "O impacto direto das tarifas no México é pequeno, já que a maior parte dos produtos vendidos entre o México e os Estados Unidos ainda é coberta pelo tratado de livre comércio. O impacto real é mais indireto, no sentido de que as incertezas econômicas podem afetar o poder de compra das famílias, mas seguimos acompanhando de perto e mantendo nossa estratégia de adaptação", disse ele.

Enquanto isso, a companhia segue colhendo melhoria nas margens operacionais, que passaram de 12,2% em 2024 para 12,9% no 1º trimestre de 2025. Essa melhora é atribuída à gestão eficiente de custos, especialmente na operação logística, além de ganhos de escala em vendas e marketing.

A empresa também continua investindo em inovação e experiência do usuário, com um foco claro em aumentar a velocidade de entrega e a oferta de produtos. "Estamos confiantes de que, à medida que ampliamos a nossa infraestrutura logística e a nossa oferta de produtos, continuaremos a ser a principal escolha para os consumidores da região", afirma Cucioli.

Uma das empresas mais valiosas da América Latina, o Mercado Livre é avaliado em US$ 113 bilhões e suas ações acumulam alta de 33% neste ano. Após a divulgação, os papéis chegaram a subir mais de 9% no pós-mercado.

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