Kenvue: uma novata experiente na bolsa de NY (getty images/Site Exame)
Repórter Exame IN
Publicado em 14 de agosto de 2023 às 17h27.
Última atualização em 31 de agosto de 2023 às 17h24.
Em 1933, quando a Johnson & Johnson chegou ao bairro da Mooca, em São Paulo, trazendo consigo algodão, gaze e esparadrapos, a economia do Brasil estava aquecida. Naquele ano, o terceiro do primeiro mandato de Getúlio Vargas, o PIB brasileiro cresceu impressionantes 8,9%, com o país comeaçando a se industrializar. A operação brasileira, da empresa criada nos Estados Unidos há mais de 135 anos, cresceu também em ritmo acelerado. Quarenta e um anos depois, em 1974, a J&J era eleita a empresa do setor farmacêutico da primeira edição do prêmio MELHORES E MAIORES, da EXAME. Hoje, totaliza nove premiações e opera com outro nome: Kenvue.
A empresa é a recordista de seu setor em premiações anuais e, por isso, é a campeã histórica entre as farmacêuticas nos 50 anos de MELHORES E MAIORES.
A J&J passou pela industrialização na década de 1930 e se consolidou em meio a mudanças políticas e econômicas importantes como a ditadura militar e seu milagre econômico, cuja herança foi uma inflação exorbitante — que criou até mesmo um grupo de fiscais dos preços nas gôndolas de supermercados e farmácias. Chegou às duas décadas dos anos 2000 com marcas como referência de categoria, como Band-Aid, Johnson's Baby e Cotonete. Atualmente, sete de dez casas brasileiras têm produtos da empresa. Já o MM, a empresa levou, além de 1974, nos anos 1975, 1976, 1977, 1978, 1986, 1987, 1989 e 1990.
A Kenvue chegou à NYSE, a Bolsa de Valores de Nova York, em maio deste ano como velha conhecida tanto de investidores quanto de consumidores. A listagem veio depois da decisão da Johnson & Johnson de separar a operação do seu braço de consumo e, com a cisão, criar a nova empresa. "A Kenvue já nasce com marcas icônicas e centenárias. Nosso propósito se faz presente todos o dias ao tornarmos realidade o poder extraordinário do cuidado diário", conta Heloísa Glad, à frente da operação da Kenvue no Brasil. Glad assumiu a vice-presidência comercial da Johnson & Johnson Consumer Health em maio de 2022. A expectativa da executiva é de que os negócios da Kenvue no Brasil cresçam o dobro das outras unidades globais, fazendo do país "o motor de crescimento" do grupo. Globalmente, a empresa faturou US$ 15 bilhões em 2022.
Enquanto anda com as próprias pernas e traça novos caminhos, a Kenvue carrega consigo o legado da centenária J&J. O diferencial da companhia para seguir crescendo está na força da ciência por traz do desenvolvimento dos produtos. "Sempre priorizamos o embasamento clínico e o endosso de profissionais de saúde como ferramentas para atendermos as necessidades de nossos consumidores", diz Daniella Brissac, vice-presidente de marketing no Brasil e diretora de consumer experience para América Latina. "Temos uma paixão por inovação e a ciência nos guia nessa jornada para encontrar as melhores soluções e os melhores produtos", diz.
O trabalho tem sido fazer uma empresa enorme conseguir ser conectada entre as funções, unindo o dia a dia das equipes de fábrica, marketing e vendas. Uma das prioridades da Kenvue no Brasil de curto prazo é aumentar os pontos de venda e romper barreiras geográficas que ainda se impõem, mesmo com décadas anos de atuação no país. A meta é aumentar em 20 mil os pontos de venda em 2023 e expandir, entre dois e três anos, em 50% a presença no canal alimentar (mercados de bairro, supermercados e atacarejos).
Foco nas quatro marcas principais — Neutrogena, Listerine, Johnson's Baby e Tylenol — também é uma das estratégias para consolidar liderança em categorias de amplo crescimento no setor farmacêutico e de higiene e cuidados pessoais. Para isso, o plano é acelerar inovações, colocando produtos novos em até seis meses no mercado. "Queremos que as inovações contribuam com 40% de nosso crescimento", diz Glad, olhando para as possibilidades que surgem para quem tem 90 anos de Brasil, mas está só começando.