Homem ao lado de sede do Banco Central em Brasilia: o BC disse ontem que, a partir desta sexta-feira, ofertará leilões diários no valor total de aproximadamente US$ 100 bilhões (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 23 de agosto de 2013 às 09h58.
Nova York - As medidas anunciadas pelo Banco Central do Brasil na quinta-feira, 22, para apoiar o real estão oferecendo apoio a uma variedade de outras moedas de países emergentes na manhã desta sexta-feira, 23, no fim de uma semana turbulenta de perdas desencadeadas pela perspectiva de mais aperto da política monetária dos Estados Unidos.
O movimento de alta das moedas de países emergentes ocorreu antes de uma entrevista do presidente do Federal Reserve de Atlanta, Dennis Lockhart, à CNBC. Ele afirmou que, diante dos dados atuais, estaria confortável com um movimento de redução dos estímulos do Fed em setembro.
O BC disse ontem que, a partir desta sexta-feira, ofertará leilões diários no valor total de aproximadamente US$ 100 bilhões. Até agora, o BC já ofertou US$ 45 bilhões, o que leva a um saldo próximo de US$ 55 bilhões até o final do ano. As ofertas serão de leilões de swap cambial e de linha (venda de dólares com compromisso de recompra).
As notícias ajudaram a tirar o real do menor nível ante o dólar em quatro anos, de R$ 2,4540. Os analistas disseram que o movimento do Brasil estava também ajudando as moedas de mercados emergentes, como a lira da Turquia, a ganharem força.
"A intervenção no Brasil foi um sinal positivo para todos os mercados emergentes. Ela sinalizou aos investidores que os bancos centrais estão lá reagindo mais e estão mais agressivos. Eles estão prontos para acelerar a intervenção deles para estabilizar os mercados", afirmou o estrategista de mercados emergentes do Citigroup Luis Costa.
O analista do Barclays Sebastian Brown afirmou que a intervenção poderá sinalizar que "a tolerância para taxas de câmbio fracas nos mercados emergentes está perto de acabar, fornecendo mais evidência das crescentes pressões inflacionárias".
Países com déficits significativos em conta corrente pagaram até agora um preço elevado, refletindo as preocupações dos investidores de que enfrentarão dificuldades para obter o dinheiro que precisam quando o Fed iniciar a retirada do programa de estímulo de US$ 85 bilhões em setembro.
Os países na linha de fogo e que estavam sob pressão significativa no início desta semana eram Indonésia, Turquia e Índia. Desde o fim de maio, as rupias da Indonésia e da Índia recuaram 15% ante o dólar. A lira atingiu níveis recorde de baixo. Mas, depois de registraram quedas fortes nesta semana, as moedas se recuperaram na sexta-feira.
Também está colaborando para a melhora das moedas nos mercados emergentes o anúncio por autoridades da Indonésia de um pacote de medidas para estabilizar a rupia e reduzir o déficit em conta corrente, que incluirá a introdução de um imposto de importação mais alto sobre produtos de luxo e a redução de uma cota de exportações minerais.
Por volta das 9h10 (pelo horário de Brasília), o dólar opera estável em relação à lira da Turquia, cotado em 1,9927 lira. Ante à rupia da Indonésia, o dólar subia 0,32%, para 10.835,00. A moeda americana recuava 0,59%, para 6403 rupias indianas. Na Turquia, banco central lançou um leilão de US$ 350 milhões pelo segundo dia consecutivo.
A ação do Brasil ressoará no banco central da Turquia, disse o analista do Standard Bank Tim Ash, em Londres. Mas, como muitos outros observadores, ele afirmou que o efeito pode ser fugaz. "O programa de intervenção deve oferecer um pouco de alívio a curto prazo, mas eu não tenho certeza se ele realmente vai evitar a necessidade da Turquia de aumentar mais substancialmente as taxas de política monetária. Isso poderá, porém, dar a eles um pouco mais de tempo", acrescentou.
Alguns investidores e analistas alertaram que os esforços para dar apoio às moedas não deverão acabar com a dor. "As medidas forneceram algum alívio, mas o processo de ajuste, que começou no fim de maio (quando o Fed falou pela primeira vez sobre a mudanças da política monetária), não acabou ainda. O dólar continuará firme. Os yields dos Treasuries não estão em um nível de equilíbrio e nós esperamos mais enfraquecimento no mercado emergente", afirmou o gestor de carteiras da Schroders Clive Dennis.
Costa, do Citigroup, afirmou que as novas medidas no Brasil e na Indonésia e os esforços persistentes da Turquia para aliviar a pressão na lira chegaram um pouco tarde. "O mercado já se deteriorou significantemente desde maio. Eles serão suficientes? Ainda não. Os bancos centrais estão sob pressão significativa para estimular o crescimento nas suas economias", acrescentou Costa.
Às 9h18 (horário de Brasília), o euro era negociado em US$ 1,3358, de US$ 1,3357 ontem. O dólar estava em 99,04 ienes, de 98,72 ienes ontem. O euro era negociado em 132,30 ienes, de 131,85 ienes ontem. A libra estava em US$ 1,5551, de US$ 1,5586 ontem. Fonte: Dow Jones Newswires.