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Mario Leão: “Santander vai voltar a crescer, mas de forma diferente”

CEO do banco destacou aumento do apetite para concessão de crédito após pico da inadimplência

Mario Leão, CEO do Santander Brasil: estamos confortáveis para retomar crescimento (Santander Brasil/Divulgação)

Mario Leão, CEO do Santander Brasil: estamos confortáveis para retomar crescimento (Santander Brasil/Divulgação)

Beatriz Quesada
Beatriz Quesada

Repórter de Invest

Publicado em 25 de outubro de 2023 às 12h42.

Última atualização em 25 de outubro de 2023 às 16h21.

Depois de superado o pico da inadimplência, o foco atual do Santander (SANB11) é retomar o crescimento da concessão de crédito. “Queremos crescer mais a partir de agora, e de forma distinta do que vínhamos fazendo no ciclo passado”, disse Mario Leão, CEO do banco, em coletiva com jornalistas nesta quarta-feira, 25, após a divulgação de resultados.

A divisão brasileira do grupo espanhol apresentou um lucro líquido recorrente de R$ 2,729 bilhões no terceiro trimestre – uma queda de 12,6% na comparação ano a ano, porém com uma recuperação de 18,2% frente ao trimestre passado. A inadimplência, algoz dos resultados do Santander nas últimas divulgações, caiu 0,3 ponto percentual ante o trimestre anterior e ficou estável na comparação anual.

Na avaliação do CEO, a redução do indicador é prova de que o pior já ficou para trás. O Santander foi o primeiro bancão a pisar o pé no freio e diminuir a concessão de crédito em linhas mais arriscadas de investimento, já no final de 2021. 

“Passado o pico da inadimplência, vimos uma melhora adicional o que nos deixa mais confortáveis para retomar o crescimento em alguns que vinha reduzindo, como cartão de crédito”, afirmou.

A carteira de crédito ampliada do banco somou R$ 625,5 bilhões, o que representa um crescimento de 1,3% no trimestre e de 7,9% na comparação ano a ano. Um dos destaques da carteira foi o crescimento em pessoa física, que subiu 1,6% frente ao último trimestre. Aqui, 67% da carteira segue protegida com garantias, mas já há um espaço para maior tomada de risco. O segmento de cartões, por exemplo, subiu 2% frente ao último trimestre, para R$ 50,2 bilhões.

Crescer de forma diferente

A retomada do crescimento, no entanto, não deve seguir o mesmo formato adotado há dois anos. Depois do susto com a inadimplência, a principal aposta do Santander é a diversificação da base, que vinha muito concentrada na baixa renda no período da crise. Na frente de pessoas físicas, o banco reformulou no último ano o Select, seu segmento voltado para a alta renda. O próximo passo da iniciativa é o lançamento do Select Global, oferta de conta internacional que será lançada ainda este ano.   

Em empresas, o Santander apresentou uma nova ambição: dobrar sua participação no segmento de pequenos e médios negócios. A carteira de PMEs cresceu 3,1% na comparação trimestral, e a expectativa é aumentar essa fatia. Assim como a busca pela alta renda, entra aqui a aposta na diversificação. “Sentimos que é o momento de colocar mais gás no motor da pessoa jurídica”, defendeu Leão. O banco não fornece prazos definidos sobre quando pretende alcançar a nova marca no segmento PME. 

Outra meta em aberto é a retomada da rentabilidade. O retorno sobre patrimônio líquido (ROE) do Santander, que indica a capacidade do banco de rentabilizar seu capital, foi de 13,1%, uma alta de 1,9 ponto percentual (p.p.) contra o trimestre anterior – mas ainda longe do patamar dos 20% em que costumava figurar antes da crise. “Não abrimos um prazo, mas estamos trabalhando direcionalmente para voltar aos 20% de ROE. Não é um movimento linear, mas a tendência é positiva”.

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