Fusão BRF-Marfrig: assembleias sobre fusão ainda não tem nova data definida (Marfrig/Divulgação)
Repórter de negócios e finanças
Publicado em 18 de junho de 2025 às 18h38.
Última atualização em 18 de junho de 2025 às 18h51.
A assembleia extraordinária da Marfrig (MRFG3), que deliberaria sobre a incorporação de ações pela BRF (BRFS3) nesta esta quarta-feira, 18, foi suspensa por decisão dos acionistas presentes. Os sócios levaram em conta os termos que regulam as condições da operação e determinam que o encontro deve ocorrer de forma coordenada com a assembleia da BRF, adiada em 21 dias por determinação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
A autarquia entendeu que as informações sobre a operação, disponibilizadas pelas companhias, são insuficientes para embasar a decisão dos acionistas. Assim, de forma unânime, os membros do colegiado acataram ao pedido de acionistas minoritários da BRF, que questionam a transparência dessas informações. A petição acatada pela CVM foi feita pela Latache Capital.
"A Operação consiste em tentativa deliberada de transferir valor dos acionistas minoritários da BRF para os controladores da Marfrig — operação que, por si só, afronta os princípios mais elementares de equidade no mercado de capitais", diz um trecho da petição, obtido pela EXAME.
A Superintendência de Relações com Empresas (SEP), da CVM, analisou as solicitações e identificou sete pontos críticos, como falhas na formação dos comitês independentes, conflito de interesses e ausência de transparência nas informações divulgadas ao mercado. Apesar de considerar que a maioria das alegações não justificava o adiamento da AGE, a SEP recomendou o adiamento com base na insuficiência de dados sobre os critérios de avaliação e a relação de troca de ações.
Em fato relevante conjunto, BRF e Marfrig informaram que avaliam os próximos passos e até informaram que poderiam tentar reverter a decisão da CVM. Uma nova data para a realização das assembleias ainda não foi definida.
Relatório do Itaú BBA avalia que a decisão da CVM evidencia a crescente tensão entre acionistas minoritários e a administração da BRF, além de reforçar o papel do órgão regulador em operações societárias sensíveis. A casa também lembra que o Cade ainda analisa um pedido da Minerva (BEEF3) sobre possíveis efeitos concorrenciais da fusão.