BRF e Marfrig: o anúncio de uma potencial fusão foi anunciado ontem à noite (Germano Lüders/EXAME/Exame)
Karla Mamona
Publicado em 31 de maio de 2019 às 10h42.
Última atualização em 31 de maio de 2019 às 16h05.
São Paulo - As ações da Marfrig abriram o pregão em alta de 6,78% na manhã desta sexta-feira. Os papéis perderam força no período da tarde, mas continuavam operando no azul, com alta de 2,51%. Já a BRF abriu o pregão volátil e ampliou a queda. Por volta das 16h, as ações caiam 3,48%, sendo vendidas por R$ 28, cada uma.
Ontem após o fechamento do pregão, as companhias anunciaram que estão avaliando uma potencial fusão, com prazo de exclusividade de 90 dias, renovável por mais 30 dias. A BRF deteria 85% do capital da nova empresa, enquanto a Marfrig 15%.
A estimativa é que a nova companhia terá R$ 80 bilhões de receita, R$ 7 bilhões de EBITDA ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), uma dívida de R$ 25 bilhões e valor de mercado de R$ 29 bilhões.
Se concluída a transação, a BRF e a Marfrig teriam operações em todos os setores de proteínas (carne bovina, suína e aves), com instalações de produção no Brasil e nos Estados Unidos, com vendas para diferentes países da Europa, Oriente Médio, Ásia e África.
Os analistas da XP Investimentos destacaram que a relação é justa e a transação é de neutra a positiva para ambas, mas existem risco de execução e o mercado aguarda mais detalhes da transação.
Em relatório divulgado, a XP afirmou que a nova companhia negociaria a 7x EV/EBITDA (9x para a BRF, 5,5x para a Marfrig), o que os analistas consideram justo, em linha com o preço de fechamento de ontem.
Se o múltiplo for de 8x EV/EBITDA (não óbvio), haveria potencial de aumento de 25% para ambas as ações, com potenciais sinergias. A dívida líquida/EBITDA da nova empresa equivaleria a 3,3x no fim de 2019, o que é importante para a BRF, embora os ganhos potenciais da Peste Suína africana já poderiam ter esse efeito positivo sobre sua alavancagem.
Os analistas disseram ainda que as sinergias entre a BRF e a Marfrig são difíceis de mensurar neste momento, mas enxergam um potencial de otimização de gastos administrativos, despesas de vendas e oportunidades comerciais.
“De maneira conservadora, estimamos um aumento adicional de 10-15% nas ações da nova companhia, equivalente a essas sinergias, mas reconhecemos que ainda é cedo para ser precificado.”
A recomendação da XP Investimentos é de Compra para Marfrig, com preço-alvo de R$ 10 por ação e Neutra na BRF, com preço-alvo de R$33 por ação.
Sobre a JBS, concorrente da BRF e da Marfrig, a XP afirmou que o acordo é neutro, já que a companhia é muito bem posicionada, ao mesmo tempo que será beneficiada pela peste suína africana na Ásia. Na abertura do pregão de hoje, as ações da JBS caíam 1,23%. Já por volta das 16h, as ações registravam desvalorização de 2,51%.