Invest

Marfrig (MRFG3) faz proposta por fatia restante da BRF (BRFS3) e desenha fusão

Oferta veio acompanhada de anúncio de uma distribuição robusta de dividendos das duas companhias

BRF: Em 2023, a Marfrig chegou a 50,5% do capital social da BRF (Germano Lüders/Exame)

BRF: Em 2023, a Marfrig chegou a 50,5% do capital social da BRF (Germano Lüders/Exame)

Publicado em 15 de maio de 2025 às 19h45.

Última atualização em 15 de maio de 2025 às 20h55.

A Marfrig anunciou nesta quinta-feira, 15, uma oferta para comprar integralmente a BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão. A união cria uma empresa de receita líquida consolidada de R$ 152 bilhões nos últimos 12 meses e com 38% do portfólio de produtos processados.

A oferta veio acompanhada de um anúncio de uma enorme distribuição de dividendos: a BRF vai pagar R$ 3,5 bilhões aos acionistas e os proventos da Marfrig somarão R$ 2,5 bilhões. A transação prevê a incorporação das ações da BRF pela Marfrig em uma relação de troca de 0,8521 ação da Marfrig por cada ação da BRF detida, considerando a distribuição máxima de proventos.

Atualmente, a empresa é dona de 50,5% do capital social da empresa. A dona da Sadia e da Perdigão garantiu à Marfrig acesso a outro mercado, o de aves e suínos, e a uma geração de caixa robusta, no momento em que os negócios de proteína bovina sofrem com a escassez de gado.

Sinergias de R$ 800 milhões

Desde o avanço da Marfrig na BRF, as empresas extraíram diversas sinergias. Para uma próxima etapa de capturas adicionais, a combinação de negócios é essencial, segundo as companhias.

O conhecimento entre Marfrig e BRF permite uma visão clara das oportunidades existentes e mitiga o risco da execução, argumentam as empresas. As sinergias já mapeadas foram agrupadas e somam um total de R$ 805 milhões por ano, sendo entre R$400 milhões e R$ 500 milhões previstos para os primeiros 12 meses e o restante no médio e longo prazo. "Esses R$ 805 milhões de sinergias mapeadas só seriam capturadas em uma fusão", diz Miguel Gularte, CEO da BRF.

Na frente de receitas e custos, por meio de iniciativas de cross-selling e sinergias na cadeia de suprimentos, a empresa estima atingir R$ 485 milhões por ano. Estima-se uma redução de despesas na ordem de R$ 320 milhões anuais, com iniciativas como a unificação de estrutura comercial e logística, consolidação de um sistema operacional único e otimização da estrutura corporativa.

Seguindo as regras tributárias vigentes, a companhia também poderá se beneficiar de otimização fiscal, como, por exemplo, a aceleração da monetização de créditos tributários nas esferas federal e estadual. Com base nas estimativas atuais da empresa, essa frente deve gerar R$ 3 bilhões a valor presente.

Fusão esperada

O movimento consolida uma fusão especulada desde 2021, quando a Marfrig avançou com apetite voraz na BRF chegando a uma participação de 25% comprada em bolsa em poucos pregões, mas prometendo uma posição 'passiva', o que deixou muitos investidores à época coçando a cabeça.

Ao longo daquele ano, ele foi aumentando sua participação até superar os 30% e ficar perto da barreira de um terço do capital que dispararia a necessidade de uma oferta pelo controle da companhia.

A poison pill só foi abandonada em julho de 2023, quando a BRF chamou um cheque de R$ 4,5 bilhões para reduzir seu endividamento, com boa parte bancada pela empresa de Marcos Molina, que chegou a 40%. (A Salic, da Arábia Saudita, entrou na operação e ficou com uma fatia de 16%.)

O controle inconteste veio em dezembro daquele ano, quando a Marfrig voltou às compras e gastou mais R$ 300 milhões para chegar a 50,5% do capital.

 

Acompanhe tudo sobre:Fusões e AquisiçõesBRFMarfrigProteínas

Mais de Invest

Novo Nordisk troca CEO após pressão do mercado e avanço da rival Eli Lilly

IGP-10, sentimento do consumidor nos EUA e fusão entre Marfrig e BRF: o que move o mercado

Os avanços do Pix: do pagamento sem internet ao fim do cartão de crédito

CEO do JPMorgan defende fim do trabalho remoto: 'Você não aprende no porão da sua casa'