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Márcio Appel aposta que Ibovespa irá dobrar em 12 meses

As ações brasileiras representam uma das maiores oportunidades ao redor do mundo, "a mais óbvia até agora", diz Appel

Bolsa: o gestor já levantou R$ 23 bilhões em ativos para a Adam Capital, empresa baseada no Rio de Janeiro, que ele co-fundou em 2016 (Paulo Whitaker/Reuters)

Bolsa: o gestor já levantou R$ 23 bilhões em ativos para a Adam Capital, empresa baseada no Rio de Janeiro, que ele co-fundou em 2016 (Paulo Whitaker/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 6 de fevereiro de 2018 às 18h48.

Última atualização em 6 de fevereiro de 2018 às 19h16.

São Paulo - Um dos gestores de fundos de hedge mais bem sucedidos do Brasil vê tesouros no Ibovespa.

Márcio Appel, gestor de ativos de 45 anos, cujo principal fundo superou 89% de seus pares ao longo do último ano, está apostando que o Ibovespa irá quase dobrar nos próximos 12 meses. Ele já levantou R$ 23 bilhões em ativos para a Adam Capital, empresa baseada no Rio de Janeiro, que ele co-fundou em 2016, e espera atingir R$ 40 bilhões sob gestão até o final do ano, o que faria de sua firma a maior gestora independente de fundos de hedge na América Latina.

As ações brasileiras representam uma das maiores oportunidades ao redor do mundo, "a mais óbvia até agora", diz Appel. Ele está apostando que o Ibovespa pode atingir 160 mil pontos.

Seu sucesso recente é uma extensão das vitórias que Appel conquistou em sua carreira de duas décadas como gestor de ativos para grandes bancos, incluindo retornos de cerca de 200% ao gerenciar o fundo Galileo para o Banco Safra durante o período de 2008 a 2015. Appel disse que ele e o co-fundador, André Salgado, não fixam em pequenos detalhes para descobrir quais ações investir e, em vez disso, olham para as tendências macro e como elas se relacionam com a rentabilidade das empresas.

"Nada do que fazemos é baseado em detalhes", disse Appel, que possui graduação em engenharia eletrônica no ITA, Instituto Tecnológico de Aeronáutica, e um MBA na Universidade de Michigan, em uma entrevista em São Paulo na semana passada. "Outro gestor me disse que quando ele encontra uma oportunidade na Indonésia, ele envia cinco pessoas pra lá. Se eu tivesse que fazer isso, isso significa que a posição não é óbvia e eu ficaria fora dela".

Cerca de dois terços dos investimentos administrados pela Adam são offshore, com apenas um terço em ativos brasileiros. O Adam Advanced Master, com R$ 2,4 bilhões em ativos, retornou 33% nos últimos 12 meses, superando 97% de seus pares. O Adam Macro Master - o maior fundo de hedge da América Latina, de acordo com os dados compilados pela empresa de pesquisa Preqin - retornou 19% ao longo do ano passado.

Adam ampliou o número de funcionários de 12, quando fundou, para 21 agora e não vê necessidade de mais contratações. A empresa concentra-se em ativos líquidos com uma exigência de capitalização de mercado de US$ 50 bilhões para ações no exterior. Já possui cerca de 35 mil investidores individuais em seus fundos.

Desta vez, Appel vê o rali da bolsa brasileira como algo imune à política, mesmo com as eleições presidenciais em outubro, com o risco de um outsider assumir. Ele se consola no fato de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, líder nas pesquisas, deve ser impedido de tentar se reeleger depois do TRF-4 ter confirmado sua condenação em segunda instância.

"Nenhum dos candidatos viáveis que restaram terá uma agenda radical", afirmou. "Nós não precisamos de muita ajuda. Mesmo que você não faça nada, já está bom o suficiente".

Gráfico da Bloomberg

Gráfico da Bloomberg (Gráfico/Bloomberg)

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