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Mantega ganha apoio de donos de bônus em confronto com S&P

Bônus em moeda local estão tendo o maior aumento em dois anos e meio enquanto os cortes diminuem preocupação de um rebaixamento

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 28 de fevereiro de 2014 às 18h02.

São Paulo - Os bônus em moeda local do Brasil estão tendo o maior aumento em dois anos e meio enquanto os cortes no orçamento e um crescimento econômico mais rápido do que o previsto diminuem a preocupação de que um rebaixamento da classificação de crédito é iminente.

As notas do governo denominadas em real deram um retorno de 3,4 por cento em fevereiro, o maior desde agosto de 2011 e o dobro da média dos mercados emergentes, segundo o JPMorgan Chase Co. No ano passado, os bônus sofreram a primeira perda anual em pelo menos uma década, enquanto a Moody’s Investors Service e a Standard Poor’s rebaixaram suas perspectivas para o Brasil, a maior economia da América Latina.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse na semana passada que o corte de R$ 44 bilhões (US$ 18,7 bilhões) no orçamento deste ano irá desacelerar a inflação e reduzir a dívida, dissipando as preocupações levantadas pela Moody’s e pela S&P. Nesta semana, o Banco Central desacelerou os aumentos da taxa de juros para metade do ritmo das seis reuniões anteriores, enquanto um relatório mostrou que a economia cresceu 0,7 por cento no último trimestre, excedendo as estimativas dos 49 prognosticadores consultados pela Bloomberg.

“O Banco Central e o governo finalmente acordaram para a piora das percepções sobre o Brasil”, disse Marco Aurélio de Sá, diretor de operações de renda fixa da corretora de Miami do Crédit Agricole SA, em entrevista por telefone.

A Moody’s provavelmente manterá sua perspectiva estável sobre o Brasil neste ano porque é improvável que o governo mude políticas antes da eleição presidencial de outubro, disse Mauro Leos, analista da classificadora de bônus, no dia 25 de fevereiro, em um evento em Nova York. A assessoria de imprensa da S&P não respondeu a um pedido de comentário.


Em outubro, a Moody’s reduziu sua perspectiva para a classificação Baa2 do Brasil, o segundo mais baixo grau de investimento, de positivo para estável, e a S&P em junho colocou seu status similar BBB em perspectiva negativa citando a piora da política fiscal, o aumento da dívida bruta e o crescimento fraco. A classificação do Brasil está em linha com a do Panamá, da Bulgária e do Bahrein e um degrau abaixo da Tailândia.

“A mudança na política fiscal foi uma surpresa positiva para o mercado”, disse Solange Srour, economista-chefe da ARX Investimentos, em entrevista por telefone, do Rio de Janeiro. “Eles viram que não podem se dar mal investindo com as altas taxas do Brasil”.

Taxa mais alta

O Brasil efetuou a maior elevação da taxa básica entre as 49 maiores economias do mundo monitoradas pela Bloomberg, no ano passado, quando a inflação chegou a 6,7 por cento em junho, contra a meta de 4,5 por cento do Banco Central. A taxa para empréstimos do Brasil, de 10,75 por cento, é a mais alta entre os países latino-americanos cujos bancos centrais controlam as taxas, mostram dados compilados pela Bloomberg.

O PIB cresceu 0,7 por cento no quarto trimestre em relação aos três meses anteriores, após contrair-se 0,5 por cento no terceiro trimestre, disse ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE. A mediana estimada pelos economistas consultados pela Bloomberg era de 0,3 por cento de crescimento. O PIB do Brasil cresceu 2,3 por cento em 2013.

O conselho do Banco Central decidiu por unanimidade, no dia 26 de fevereiro, elevar a taxa básica, a Selic, levando o aumento desde abril à casa dos 3,5 pontos porcentuais. O Brasil tem a mais alta taxa de referência ajustada à inflação entre os grandes mercados emergentes, segundo dados compilados pela Bloomberg.

“Muitos investidores deixaram o Brasil quando o clima de pessimismo cresceu no ano passado, mas agora eles veem taxas realmente altas”, disse Bruno Mota, operador local de bônus soberanos da Renascença DTVM Ltda., em entrevista por telefone, de São Paulo. “O mercado se acalmou depois das medidas de austeridade fiscal do governo e aqueles que estavam esperando o momento certo para comprar entraram”.

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