Mercados

Mantega culpa analistas por queda das elétricas

Queda dos papéis se deu por conta de avaliações equivocadas, aponta ministro


	"Se algumas empresas não fizeram o cálculo adequado, paciência"
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

"Se algumas empresas não fizeram o cálculo adequado, paciência" (Ueslei Marcelino/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 23 de novembro de 2012 às 10h56.

São Paulo – Análises equivocadas por parte do mercado financeiro explicam a queda das ações do setor elétrico, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, durante o Fórum Nacional da Indústria que é realizado nesta sexta-feira, no escritório da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

“Se algumas empresas não fizeram o cálculo adequado, paciência, se alguns analistas induziram a erro, aumentaram as ações, então... isso são regras do mercado. Tem analistas que erram ou fazem o cálculo pensando que o governo vai renovar as concessões e manter a tarifa alta”, destacou.

O IEE (Índice de Energia Elétrica), que reúne as principais ações do setor, acumula uma desvalorização de 18,96% em 2012. No mesmo período, o Ibovespa tem uma leve baixa de 0,56%. As ações da estatal Eletrobras (ELET6) têm o pior desempenho do índice no período. A queda já chega a 70%. A empresa aceitou os termos da MP 579.

A Cemig (CMIG4), que não atendeu ao pedido do governo federal, acumula uma baixa muito menor de apenas 5%.

“O que estamos propondo é a renovação, de modo que todos tenham direito a continuar. Tenho certeza que com mais 30 anos elas vão continuar tendo boa rentabilidade. O problema é que o pessoal quer manter a rentabilidade do período, especialmente do último período, de rentabilidade mais alta”, ressaltou.

Projeções

Não há um analista otimista com o futuro da empresa na bolsa, mas o mais pessimista provavelmente está no Barclays.


Em um relatório enviado para clientes nesta segunda-feira, os analistas Francisco Navarrete, Tatiane Shibata e Giovanna Siracusa reduziram o preço-alvo aos papéis ordinários e preferenciais de 29 reais e 20 reais para apenas 1 real para 12 meses. Os cortes representam uma baixa de 97% e 95%, respectivamente.

“Devido à queda das receitas, o nosso alvo depende muito dos esforços de cortes nos custos. A Eletrobras mira 20% de redução até 2018, mas projetamos apenas 15% devido ao fraco histórico em conter os gastos”, ressaltam na análise.

Eletrobras

Segundo a MP, cada empresa do setor precisa manifestar a intenção de adotar as novas regras com preços mais baixos para garantir a renovação e receber uma indenização. A outra saída é indicar a manutenção das condições atuais até o final da concessão. Aí, porém, não terá a renovação garantida.

O problema é que a indenização proposta pelo governo federal ficou aquém das expectativas. Enquanto o mercado aguardava algo em torno de 30 bilhões de reais para a Eletrobras, o valor a ser pago será de 13,9 bilhões de reais.

A companhia divulgou na sexta-feira um estudo sobre os impactos da nova realidade. As perdas esperadas em receitas chegam a 8,7 bilhões de reais, além de uma baixa contábil de ativos de aproximadamente 17 bilhões de reais.

A empresa convocou os acionistas para deliberar sobre o assunto no próximo dia 3 de dezembro, um dia antes da data final de apresentação das propostas para o governo. Não há expectativa de um resultado diferente.

Acompanhe tudo sobre:Análises fundamentalistasB3bolsas-de-valoresEletrobrasEmpresasEmpresas estataisEnergia elétricaEstatais brasileirasHoldingsMercado financeiroServiços

Mais de Mercados

Do dólar ao bitcoin: como o mercado reagiu a indicação de Trump para o Tesouro?

Por que a China não deveria estimular a economia, segundo Gavekal

Petrobras ganha R$ 24,2 bilhões em valor de mercado e lidera alta na B3

Raízen conversa com Petrobras sobre JV de etanol, diz Reuters; ação sobe 6%