Mercados

Manifestantes em Wall Street agora miram bilionários

Manifestantes planejam fazer um 'tour' em frente às residências dos bilionários de Nova York

Protesto contra Wall Street, nos EUA: a convocação espanhola quer aproveitar a visibilidade dos protestos realizados em Nova York
 (Robyn Beck/AFP)

Protesto contra Wall Street, nos EUA: a convocação espanhola quer aproveitar a visibilidade dos protestos realizados em Nova York (Robyn Beck/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2011 às 20h00.

Nova York - Após quatro semanas de protestos contra o que classificam de ganância dos bancos, os manifestantes do movimento "Ocupar Wall Street" resolveram mirar os bilionários de Manhattan, especificamente banqueiros e executivos de corporações financeiras. Amanhã à tarde, os manifestantes planejam percorrer alguns dos endereços mais chiques de Nova York para protestar em frente às residências de vários deles. Uma página no Facebook foi aberta nesta manhã para fazer o convite para o tour às residências dos bilionários de Nova York.

O objetivo do evento, segundo os organizadores, é ver como vive 1% da população mais privilegiada do país. "Junte-se a nós na caminhada para ver as casas de alguns dos executivos de bancos e corporações que não pagam impostos, cortam empregos, estão envolvidos em fraudes hipotecárias e que afundaram nossa economia", diz o grupo na página do site social. Apesar da mobilização, o grupo se nega a revelar quais são os alvos da caminhada de amanhã.

O movimento "Ocupar Wall Street" começou a ganhar corpo há alguns meses pelo Twitter e Facebook e a largada oficial foi dada no dia 17 de setembro, quando dezenas de manifestantes começaram a se reunir na praça Liberty Plaza, que fica a alguns quarteirões da Bolsa de Nova York. Em meados de agosto, eram cerca de 1.400 seguidores no Twitter e perto de 300 integrantes no Facebook. Nesta segunda-feira, o número de seguidores no Twitter superava os 59 mil e a página principal do movimento no Facebook contava com quase 163 mil pessoas.

Nesta segunda-feira, feriado do Dia de Colombo, centenas de pessoas ocupavam a praça, entre protestantes, curiosos, turistas, jornalistas e fotógrafos. Era difícil caminhar pelo local, repleto de toldos, colchões e até mesmo um quartel general dos organizadores, onde dezenas deles mantinham atualização do evento em tempo real nos sites de relacionamento da internet.


Alguns dos protestantes estão acampados no local há semanas, outros vêm para passar o dia e voltam para casa à noite, enquanto alguns só podem vir nos dias de folga. Matt Latham, de 28 anos, se encaixa no terceiro caso. Ele é bibliotecário e presidente do sindicato da categoria em Nova Jersey e hoje foi seu primeiro dia de protesto. "Eu cheguei cedo, vou passar o dia todo e pretendo voltar e trazer meus amigos quando estiver de folga", garantiu. Ele carregava um cartaz onde enumerava "propostas modestas" para diminuir o desequilíbrio econômico no país, como colocar os impostos novamente nos níveis dos anos 90, aumentar recursos para criação de empregos e investimentos em infraestrutura e também pedindo a retirada das tropas americanas do Iraque e Afeganistão.

Aliás, a lista dos protestantes é vasta, diversificada e não se refere apenas à "ganância dos bancos". Assim como Latham, outros manifestantes exibiam cartazes pela saída dos EUA das "guerras", outros alertavam para o terrorismo, uma professora erguia uma faixa reclamando das condições de ensino no país e demissões de professores. Já Roy Pilgrim, de 18 anos, tocava seu violino na praça. Ele disse que é músico, do estado de Arkansas, mas que atualmente viaja com a mochila nas costas pelo país. Hoje foi o primeiro dia em sua vida em que participava de um protesto. "Acho que as pessoas aqui têm coisas para dizer. Há muitos demônios hoje no mundo e precisamos fazer algo contra isso", disse.

Adam Pane, de 40 anos, está desempregado há mais de um ano e está na praça há quatro dias, trabalhando como voluntário na organização do movimento, distribuindo panfletos e dando informações. Outro voluntário, que se identificou apenas como "Ox", de Nova York, também perdeu emprego no ano passado e está participando dos protestos desde o início. "O sentimento de que é preciso mais democracia e acabar com a desigualdade da distribuição de riqueza tem ecoado bastante nas últimas semanas", afirmou.

Segundo a polícia de Nova York, o custo com o aumento do policiamento em Wall Street já tinha chegado a US$ 1,9 milhões até o final da semana passada. Além disso, a polícia também iniciou investigação para averiguar se teria havido abuso de força contra protestantes na semana passada. Embora os protestos tenham começado em Nova York, manifestações pacíficas já foram vistas nas últimas semanas em outras cidades do país e o próprio presidente dos EUA, Barack Obama, está ciente da força que o movimento está ganhando. Em uma coletiva recente, Obama disse que os protestos estão dando "voz" a uma frustração maior da população de como o sistema financeiro americano funciona.

Acompanhe tudo sobre:Crise econômicaMercado financeiroPolítica no BrasilProtestoswall-street

Mais de Mercados

BTG vê "ventos favoráveis" e volta recomendar compra da Klabin; ações sobem

Ibovespa fecha em queda e dólar bate R$ 5,81 após cancelamento de reunião sobre pacote fiscal

Donald Trump Jr. aposta na economia conservadora com novo fundo de investimento

Unilever desiste de vender divisão de sorvetes para fundos e aposta em spin-off