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Maior leilão da década começa com mais confiança em Dilma

Promessas de conter os gastos públicos e a inflação têm reconquistando a confiança de investidores do mercado de renda fixa

A presidente Dilma Rousseff: confiança retorna ao mercado de renda fixa (AGÊNCIA BRASIL)

A presidente Dilma Rousseff: confiança retorna ao mercado de renda fixa (AGÊNCIA BRASIL)

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Da Redação

Publicado em 6 de janeiro de 2011 às 07h14.

Brasília e Nova York - A presidente Dilma Rousseff está reconquistando a confiança de investidores do mercado de renda fixa em sua primeira semana no cargo com as promessas de conter os gastos públicos e a inflação.

O rendimento das Notas do Tesouro Nacional série F com vencimento em 2021 caiu 64 pontos-base, ou 0,64 ponto percentual, para 12,13 por cento desde 22 de novembro. Dilma tem resistido às pressões para elevar o salário-mínimo mais que o previsto e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, promete cortes no orçamento. A queda no rendimento dos títulos brasileiros contrasta com uma alta de 66 pontos-base na taxa dos bônus de 10 anos do Tesouro americano e o aumento de 38 pontos-base nas taxas dos títulos mexicanos.

A recuperação dos papéis vem exatamente quando o Tesouro pretende leiloar R$ 50 bilhões em títulos públicos este mês, o maior valor desde pelo menos 2001. Os recursos vão ajudar a refinanciar R$ 111 bilhões em vencimentos da dívida. A baixa no rendimento eliminou a maior parte da disparada de 86 pontos-base causada pela vitória de Dilma nas eleições em 31 de outubro.

“A queda nas taxas é um sinal de que a maior parte do mercado aprovou Dilma na condução de suas primeiras políticas de governo”, disse Aryam Vazquez, economista do Wells Fargo & Co. em Nova York. “Se o leilão sair bem como o esperado, vai aumentar ainda mais a confiança.”

O governo faz hoje o primeiro leilão do ano. O Tesouro Nacional planeja vender as Letras do Tesouro Nacional com vencimentos em outubro deste ano, abril de 2013 e janeiro de 2015, e também Letras Financeiras do Tesouro, que são indexadas à taxa Selic, com vencimentos em 2015 e 2017. A taxa das NTN-F para 2015 já caiu 40 pontos-base desde 22 de novembro. Isso depois de terem subido 75 pontos-base nas três semanas anteriores.

Reajustes

O plano de emitir até R$ 50 bilhões de reais em títulos públicos domésticos este mês é o dobro do teto de R$ 25 bilhões estabelecido para dezembro, quando o calendário de leilões foi encurtado por causa das festas de fim de ano, e também supera os R$ 45 bilhões definidos para janeiro de 2010.

Dilma causou uma queda nos títulos do País em parte por ter dito em 3 de novembro, depois das eleições, que poderia elevar o Bolsa-Família e dar um reajuste maior do que o previsto para o salário-mínimo.

Ela conseguiu reverter essa tendência no mês passado, dando apoio ao reajuste de 5,9 por cento para o mínimo, menos da metade dos 14 por cento pedidos por centrais sindicais. A iniciativa foi o primeiro sinal “concreto” de que a presidente está disposta a conter os gastos, disse Tony Volpon, estrategista para a América Latina da Nomura Securities em Nova York.

Expansão econômica

“Logo depois da campanha, eu me lembro de que ela veio dizer que podemos manter a abordagem fiscal cara”, disse Vazquez. “Ela foi forçada a voltar atrás porque os mercados não aceitaram” aqueles comentários, disse ele.

Dilma, que promoveu Alexandre Tombini de diretor a presidente do Banco Central, disse que vai proteger o Brasil da “praga” da inflação em seu discurso de posse em 1 de janeiro. Dois dias depois, o novo presidente do BC disse que o País deve buscar a redução da meta da inflação de 4,5 por cento no futuro. E, no dia seguinte, Mantega disse que o governo vai fazer um “considerável” corte no orçamento este ano.

“Dilma indicou alguns integrantes de muita credibilidade para sua equipe econômica”, disse Jim Craige, que ajuda a administrar US$ 20 bilhões em ativos de mercados emergentes na Stone Harbor Investment Partners em Nova York, incluindo dívida doméstica brasileira. “Isso certamente ajudou.”

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