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Magazine Luiza (MGLU3): baixa contábil ‘apaga brilho’ do balanço do 3T23

A baixa contábil de R$ 830 milhões veio de brinde no balanço do 3T23 e relembrou a história recente de outra varejista

Magalu: Cento de Distribuição da Magazine Luiza em Extrema (MG) (Leandro Fonseca/Site Exame)

Magalu: Cento de Distribuição da Magazine Luiza em Extrema (MG) (Leandro Fonseca/Site Exame)

Janize Colaço
Janize Colaço

Repórter de Invest

Publicado em 14 de novembro de 2023 às 12h18.

Última atualização em 14 de novembro de 2023 às 18h33.

A Magazine Luiza (MGLU3) surpreendeu o mercado na noite da última segunda-feira, 13. Enquanto os investidores esperavam por números fracos no balanço do terceiro trimestre, uma baixa contábil de R$ 830 milhões veio de brinde e rememorou a história recente de outra varejista. Não por acaso, nesta terça-feira, 14, os papéis da companhia lideraram as quedas no Ibovespa na maior parte do pregão, mas encerraram as negociações com alta de 1,73%.

De acordo com o report divulgado, o lucro líquido foi de R$ 331,2 milhões, revertendo o resultado negativo de R$ 190,9 milhões do mesmo período de 2022. Já o Ebitda quase dobrou na comparação anual, ficando em R$ 970,9 milhões, alta de 111,3%. A margem Ebitda ficou em 11,3%, 6,1 pontos percentuais (p.p.) a mais que no ano passado. Por outro lado, a receita líquida teve queda de 2,6% e fechou em R$ 8,578 bilhões.

Ainda que os números tenham vindo em linha com as expectativas, foi a apuração de uma denúncia anônima, recebida em março em meio à repercussão do caso da Americanas (AMER3), que trouxe um novo tom para os números divulgados. Após reapresentar os balanços de 2022 e do primeiro semestre deste ano, o Magalu afirmou que a denúncia era infundada, mas foram identificadas incorreções em lançamentos contábeis.

O que dizem os analistas?

Em relatório, os analistas do BTG Pactual (mesmo grupo controlador da EXAME) explicam que as imprecisões são decorrentes de algumas notas de débito – utilizado para o reconhecimento contábil das receitas de bonificações – terem sido emitidas pela Magazine Luiza e assinadas por fornecedores sem observar com precisão as obrigações de desempenho.

Eles ainda explicam que o ajuste acumulado no patrimônio líquido foi de R$ 829,5 milhões líquido de impostos (aproximadamente 9%) sem impactar seu fluxo de caixa. “Porém, o fato relevante de ontem deve gerar algum ruído para a MGLU3, com investidores questionando os controles da empresa e o aumento da linha de fornecedores no balanço em decorrência dos ajustes (R$ 1,2 bilhão em junho de 2023)”, afirmam.

A Genial Investimentos segue a mesma linha, e destaca que o comunicado “apagou o brilho do trimestre”, sobretudo com o termo “inconsistências contábeis” voltando à tona no varejo. No entanto, os analistas da casa explicam que o impacto total no patrimônio líquido da Magazine Luiza será menor do que o número apresentado. 

“Frente em um recente julgamento do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que estabeleceu que não há incidência de PIS/COFINS sobre bonificações recebidas de fornecedores, a empresa reconheceu neste 3T23 créditos tributários no valor total de R$ 688,7 milhões – sendo R$ 533,1 milhões de principal e R$ 155,6 milhões de atualização monetária. Considerando todas as correções e ajustes, o impacto total no patrimônio líquido da empresa foi de R$ 322 milhões”, apontam os analistas da Genial.

O que esperar do Magazine Luiza (MGLU3) 

Em relação aos números apresentados no balanço do terceiro trimestre, a Guide Investimentos diz que o destaque positivo foi a melhora da margem bruta da MGLU3, que apresentou uma alta anual de 2,9 p.p.. Contudo, o indicador foi ofuscado pelo crescimento de 20% das despesas comerciais na mesma base comparativa.

“Em termos de rentabilidade, a companhia apresentou uma recuperação em sua margem bruta para 30.4%, em razão de um ganho de 1p.p. na margem com produtos e do efeito mix, com a maior participação de serviços, que possui uma margem muito mais elevada”, dizem os analistas. Junto a isso, houve um crescimento nas vendas para R$15 bilhões (+5% anual), com o poder de compra e a situação de crédito do consumidor pressionado. “O que se traduziu em uma leve queda da receita líquida, também impactada pelo fechamento de 127 lojas físicas e pelo aumento nas deduções da receita bruta em razão do DIFAL.”

Já os analistas do BTG, pontuam que embora o volume bruto de mercadorias (GMV) do ecommerce do Magalu tenha apresentado um crescimento anual de 6%, o indicador ficou 1% abaixo do esperado. Já o GMV total foi de R$ 14,8 bilhões, alta de 5% na comparação anual, mas 2,4% abaixo da projeção do banco. Além disso, houve baixa de 4% no 1P e alta de 25% no 3P, o que implicou em R$590 milhões adicionados no GMV online.

“Os resultados do trimestre mostraram uma tendência de melhoria da lucratividade, que esperamos persistir no quarto trimestre, mas o GMV 1P e as vendas de lojas físicas continuam apresentando dificuldades. Enquanto isso, a MGLU3 deverá se beneficiar de uma abordagem mais racional de take rates e de seu modelo de negócios multicanal para alavancar a operação de marketplace, juntamente com cortes nas taxas de juros no Brasil”, finalizam.

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