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Magalu surfa onda de otimismo e já vale mais que o Bradesco na Bolsa

O Magalu fechou ontem valendo R$ 178,4 bilhões, pela primeira vez acima da avaliação do Bradesco

Magalu: é visto como uma força da digitalização do varejo brasileiro, com espaço para crescer (Germano Lüders/Exame)

Magalu: é visto como uma força da digitalização do varejo brasileiro, com espaço para crescer (Germano Lüders/Exame)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 6 de novembro de 2020 às 12h49.

O Magazine Luiza quebrou um paradigma do mercado nacional ao se firmar como a única representante do varejo entre as "blue chips" (nome dado às ações mais confiáveis) do Ibovespa, índice referência para o mercado brasileiro. O Magalu fechou ontem valendo R$ 178,4 bilhões, pela primeira vez acima da avaliação do Bradesco, segundo banco privado do País, que terminou o dia a R$ 177,3 bilhões. A empresa agora só está atrás de cinco outras: Vale, Petrobras, Itaú Unibanco, Ambev e Weg

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"Tradicionalmente, as 'blue chips' foram bancos e estatais e, de repente, uma varejista está entre elas. Isso nunca aconteceu no Brasil", disse a analista Daniela Bretthauer, da Eleven Financial. Analistas consideram que o Magalu passar o segundo maior banco privado do Brasil é "um marco, uma quebra de paradigma". A companhia já havia superado BB e Santander, no primeiro semestre.

Os especialistas também disseram que os bancos vivem um cenário desafiador, com mais concorrência das corretoras e dos bancos digitais, além das carteiras digitais que terão a operação facilitada pelo sistema de pagamentos Pix, do Banco Central (BC). Já o Magalu é visto como uma força da digitalização do varejo brasileiro, com espaço para crescer.

As apostas do mercado se concentram nas perspectivas para os setores. No segundo trimestre, por exemplo, o Magalu teve prejuízo de R$ 64,5 milhões, enquanto o Bradesco lucrou R$ 3,8 bilhões. "Mas, olhando para frente, os investidores projetam que o Magazine Luiza vai ser a maior ação da bolsa brasileira", disse Marcel Zambelo, analista da Necton. "O Magalu pode consolidar todos os sellers (vendedores) na plataforma mais tecnológica do mercado, transformando o concorrente em aliado. O cenário de bancos é mais desafiador."

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Tendência externa

Além disso, ter varejistas no topo das bolsas não é novidade fora do Brasil - essa é uma tendência observada em companhias como a Amazon, nos Estados Unidos, e o Alibaba, na China. Ontem, os dois setores subiram em meio ao resultado das eleições americanas. Mas o e-commerce local também se beneficiou do balanço do Mercado Livre - que, embora seja argentino, recolhe a maior parte de sua receita no Brasil e é considerado um concorrente direto das varejistas listadas na B3.

Além de reverter um prejuízo de US$ 146 milhões no mesmo período do ano passado em lucro de US$ 15 milhões, apesar do câmbio desfavorável, o Mercado Livre teve alta de 112% nas receitas auferidas no Brasil. Para o banco Goldman Sachs, foi um desempenho ainda mais forte do que as expectativas, que já eram altas.

O resultado fez com que Magazine Luiza, Via Varejo e B2W, as três varejistas listadas na B3 que mais são reconhecidas pela operação de e-commerce, subissem. Mas Magalu e Via foram melhor porque, diferentemente da B2W, também operam no varejo físico, o que geralmente resulta em margens melhores.

"O Magazine Luiza e a Via Varejo estão em um nicho do setor em que o Mercado Livre não é um concorrente direto, porque têm dinâmicas diferentes, exploram as lojas físicas", explicou Raphael Guimarães, operador da RJ Investimentos. "O Mercado Livre é um concorrente direto da B2W, e isso coloca pressão sobre ela."

Além disso, o Magazine tem a confiança do investidor estrangeiro que começa a fazer alocações pontuais na B3. Estrategistas dizem que o Magalu atrai esse investidor, que quer crescimento unido à solidez. Além disso, a empresa da família Trajano é considerada mais avançada do que as rivais na integração entre varejo físico e digital.

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