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Loucura é regra nas bolsas dos EUA após eleição presidencial

Nas 22 eleições desde 1928, o S&P 500 caiu 15 vezes no dia após o fechamento das urnas, com perda média de 1,8%

Bolsas americanas: na média, o índice oscila 1,5 por cento no dia após a eleição (Michael Nagle/Bloomberg)

Bolsas americanas: na média, o índice oscila 1,5 por cento no dia após a eleição (Michael Nagle/Bloomberg)

Luísa Granato

Luísa Granato

Publicado em 7 de novembro de 2016 às 21h03.

Nova York - Nas horas após a eleição de um novo presidente nos EUA, os investidores das bolsas precisam se preparar para uma onda de volatilidade. O que eles não podem fazer é entrar em pânico.

Independentemente de como os preços das ações reagirão em 9 de novembro, as oscilações no S&P 500 no dia seguinte às votações são inúteis em se tratando de indicar o que vem depois.

Na média, o índice oscila 1,5 por cento no dia após a eleição. Mas ganhos e perdas nessas primeiras 24 horas só preveem a direção do mercado 12 meses depois menos da metade das vezes.

Isso importa porque a compulsão a agir logo após o resultado costuma ser muito forte. Segundo dados compilados pela Bloomberg, as bolsas flutuam duas vezes mais que o normal nessas ocasiões.

Após Barack Obama derrotar John McCain em 2008, a queda foi de 5 por cento.

Mas embora nada indique que a reação das bolsas na quarta-feira será um sinal para o ano, nada diz que não será. Portanto, os investidores precisam pensar duas vezes antes de tomar qualquer atitude drástica.

“É muito difícil tentar negociar em cima disso”, disse Thomas Melcher, diretor de investimentos da PNC Asset Management, na Filadélfia.

“Mesmo se o mercado cair, quem tiver qualquer horizonte de tempo razoável tem uma oportunidade de compra. A poeira vai baixar e as pessoas vão concluir que a economia vai bem.”

Nas 22 eleições desde 1928, o S&P 500 caiu 15 vezes no dia após o fechamento das urnas, com perda média de 1,8 por cento.

Em nove dessas ocasiões, as bolsas mudaram de rumo e subiram nos 12 meses seguintes, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

Obama é o melhor exemplo da não confiabilidade dos sinais do dia seguinte a cada votação. A vitória dele em meio à crise financeira em 2008 precedeu um tombo de dois dias que eliminou mais de US$ 2 trilhões em valor de mercado globalmente.

Na reeleição dele em 2012, o S&P 500 sofreu queda acumulada de 3,6 por cento nos dois dias seguintes – a pior baixa do ano até então.

Mas as bolsas americanas não têm do que reclamar a Obama. O S&P 500 registra ganho anual médio de 13,3 por cento desde 4 de novembro de 2008, desempenho superior ao registrado sob nove dos 12 presidentes anteriores.

Os dados provavelmente mostram que os investidores têm dificuldade para processar o significado de um novo presidente logo após o dia da eleição – ou dão ao vencedor maior importância do que deveriam.

As oscilações nos setores não indicam mais do que as oscilações no mercado como um todo. O S&P 500 Health Care Index recuou 3,6 por cento no dia após a primeira vitória de Obama, mas é o terceiro grupo de melhor desempenho no mercado acionário desde então, com avanço de 149 por cento.

O partido vitorioso tampouco importa. A alta mediana do S&P 500 sob governos democratas desde 1928 é de 27,7 por cento e, sob republicanos, de 27,3 por cento, de acordo com a Leuthold Group.

“Ou os resultados sugerem que as diferenças das medidas adotadas pelos partidos são totalmente refletidas nos preços das ações quando um candidato oficialmente assume o cargo ou superadas por forças cíclicas maiores ou fundamentalmente indistinguíveis entre si”, disse Doug Ramsey, diretor de investimentos da instituição.

“Na prática, é provável que todos os três fatores tenham influência.”

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