Redação Exame
Publicado em 18 de novembro de 2025 às 05h47.
O bitcoin caiu até 2,8% nesta terça-feira, 18, rompendo a marca dos US$ 90 mil pela primeira vez em sete meses. A liquidação acentuou o movimento de aversão ao risco nos mercados da Ásia e ameaça provocar um novo ciclo de vendas em Wall Street.
O índice MSCI Asia Pacific recuou mais de 2%, no pior desempenho em um mês. A maioria das bolsas asiáticas registrou perdas pela manhã, com destaque para o Japão: o índice Nikkei 225 caiu 3,2%, pressionado por tensões fiscais e diplomáticas com a China.
Houve movimento de fuga para ativos de segurança: os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de 10 anos recuaram quatro pontos-base, enquanto o iene e o franco suíço se valorizaram. O dólar australiano, sensível ao risco, desvalorizou.
Analistas consultados pela Bloomberg apontam que o colapso do bitcoin pode agravar as vendas forçadas por investidores alavancados. "Poderemos ver mais pressão de baixa à medida que carteiras são ajustadas para cobrir perdas em ações", afirmou Nick Twidale, da AT Global Markets.
Com o mercado monitorando o ritmo dos cortes de juros nos EUA e à espera do balanço da Nvidia, previsto para quarta-feira, 19, o tom já era de cautela. "A queda prolongada do bitcoin reforça a percepção de que algo mais profundo está mudando", disse Hebe Chen, da Vantage Markets.
Na manhã desta terça0, os futuros do S&P 500 recuavam 0,4%, indicando a quarta sessão consecutiva de perdas, a mais longa desde agosto. Os contratos do Nasdaq 100 também registravam queda de 0,4%. Na Europa, os índices futuros abriram em baixa, acompanhando o sentimento negativo global.
"Se o bitcoin serve como termômetro de sentimento de mercado, ele está sinalizando um nível de medo típico de mercado em baixa", afirmou Anna Wu, da Van Eck, à Bloomberg.
A combinação de incertezas sobre os cortes de juros do Fed, preocupações com a avaliação exagerada de ações de inteligência artificial e a liquidação nas criptomoedas levou investidores a aumentar posições defensivas.
Ipek Ozkardeskaya, analista da Swissquote, avaliou que o apetite por IA está sob pressão. "Algumas das apostas mais otimistas — entusiasmo por IA, estímulo fiscal maciço, expectativas dovish para o Fed — estão começando a enfraquecer", disse à Bloomberg.