Cacau: aumento contínuo dos preços refletiu diretamente nas ações das principais fabricantes de chocolate no mundo (Anna Quaglia / EyeEm/Getty Images)
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Publicado em 5 de junho de 2025 às 06h25.
Última atualização em 11 de junho de 2025 às 11h36.
As ações das duas maiores fabricantes de chocolates na Suíça estão passando por momentos opostos em 2025.
A Lindt & Spruengli registrou uma alta de 29% nas ações no ano passado, conseguindo elevar os preços e ainda manter os consumidores fiéis à marca. Especialistas atribuem grande parte do sucesso ao lançamento do chocolate no estilo de Dubai. Joern Iffert, analista do UBS, classificou o produto como um "blockbuster" e o considerou um dos melhores da história da empresa.
Já a Barry Callebaut, maior fabricante de chocolate a granel e responsável pelo fornecimento de soluções de cacau e chocolate para marcas como Nestlé e Hershey's, sofreu uma queda nas ações também de 29% . O cenário reflete a dificuldade estratégica da empresa em aumentar os preços dos produtos, optando por diminuir a quantidade de chocolate nos itens fabricados.
Ambas as fabricantes viram o preço do cacau aumentar após a cotação da commodity quadruplicar entre 2023 e 2024. Enquanto a Lindt implementou aumentos de dois dígitos, clientes da Barry Callebaut suspenderam os pedidos à espera de preços mais baixos, segundo informações do site Bloomberg.
“A Barry Callebaut enfrentou uma tempestade perfeita: demanda fraca e pouco poder de precificação”, afirmou Ignacio Canals Polo, da Bloomberg Intelligence. Já a Lindt, segundo ele, se destacou no mercado, principalmente devido ao segmento premium da marca, o que permitiu o aumento dos valores e mantendo a qualidade do chocolate.
A Lindt afirmou que os reajustes devem continuar ao longo de 2025, levando em conta a persistência dos altos preços do cacau. Entretanto, a expectativa é que a tendência do consumo de chocolates premium e com foco em qualidade continue crescendo.
Após a Barry Callebaut reduzir o teor de chocolate nos produtos e revisar para baixo as projeções de vendas em abril, a empresa viu suas ações despencarem.
Além da estratégia de mercado falha, a fabricante também sofre com o aumento de posições vendidas. Com a oferta de cacau alta e os produtores da África Ocidental segurando a safra à espera de melhores preços, 23% das ações em circulação na empresa estavam alugadas até 3 de junho, segundo dados do S&P Global.
“A cada alta do cacau, há um impacto negativo no fluxo de caixa livre”, disse Damian Burkhardt, gestor da EFG Asset Management, à Bloomberg. “É por isso que o interesse em posições vendidas é tão alto.”