Aloízio Mercadante: a escolha de Lula para o BNDES (Wilson Dias/Agência Brasil)
Guilherme Guilherme
Publicado em 14 de dezembro de 2022 às 07h52.
Última atualização em 14 de dezembro de 2022 às 09h17.
O mercado internacional iniciou os trabalhos desta quarta-feira, 14, em tom de cautela à espera da decisão do Federal Reserve (Fed), marcada para às 16h. A expectativa é de que o banco central americano reduza o ritmo da alta de juros pela primeira vez após quatro elevações de 0,75 ponto percentual.
Declarações de membros do Fed e dados abaixo do esperado para inflação americana favorecem uma alta mais branda, de 0,50 p.p. para o intervalo entre 4,25% e 4,5%. Por outro lado, o mercado ainda precifica em 20% a probabilidade de mais um ajuste de 0,75 p.p., segundo monitor do CME Group.
Ainda que baixa, a chance residual de uma alta de 0,75 p.p., e não de 0,25 p.p., mostra os receios do mercado com a escassez de mão de obra nos Estados Unidos. Este, por sinal, se tornou um dos principais temores do Fed, tendo em vista seus potenciais efeitos sobre a inflação de salários. No último payroll, os números voltaram a sair acima do esperado, com a criação de mais 263.000 empregos urbanos e a taxa de desemprego se mantendo em 3,7%.
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O mercado de trabalho deve ser um dos pontos abordados pelo presidente do Fed, Jerome Powell, em sua coletiva de imprensa após a decisão. Diante de um cenário ainda de incertezas sobre até quando o Fed subirá suas taxas, investidores esperam por pistas sobre seus próximos passos.
Dados da inflação ao consumidor americano divulgados na véspera aumentaram as chances de o Fed não ser tão duro na condução de sua política monetária. Nos Estados Unidos, as bolsas fecharam em alta.
Desempenho dos indicadores às 7h50 (de Brasília):
O ambiente de maior otimismo no exterior é bem diferente do vivenciado pelo mercado brasileiro, onde o noticiário político segue como ponto de preocupação. No último pregão, o Ibovespa apagou os ganhos do ano, após o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva confirmar Aloízio Mercadante, que atuou na campanha petista, para a presidência do BNDES.
Para viabilizar sua ida ao BNDES, a Câmara aprovou na última noite alterações na Lei das Estatais. Pela regra atual, a lei proíbe que dirigentes de campanha assumam cargo de alto escalão em estatais nos 36 meses após sua atuação. A mudança aprovada altera o prazo de três anos para 30 dias. O texto, agora, precisa do aval do Senado para ir à sanção presidencial.
O medo do mercado é de que, com a chegada de Mercadante, o banco de desenvolvimento volte a fazer empréstimos subsidiados pelo Tesouro, o que pressionaria ainda mais as contas públicas.
Mercadante, numa tentativa de acalmar o mercado, disse que os empréstimos com subsídios não voltarão. Mas, ainda nesta semana, o mesmo disse desconhecer qualquer possibilidade de alterações na lei das estatais. E a lei das estatais foi alterada.
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