Bolsa: Legacy Capital vê riscos fiscais como principal ameaça ao cenário interno (Amanda Perobelli/Reuters)
Guilherme Guilherme
Publicado em 5 de outubro de 2020 às 12h46.
Última atualização em 5 de outubro de 2020 às 14h39.
Preocupada sobre a condução fiscal do país, a Legacy Capital informou que está reduzindo a exposição à bolsa brasileira. Em carta aos investidores, a gestora afirmou que vê menor chance de aprovação de reformas estruturais, como a tributária e a administrativa e que a probabilidade de o teto de gastos ser flexibilizado em 2021 aumentou.
Em meio à tentativa de o governo ampliar o programa de renda mínima, a Legacy também vê a possibilidade de uma mudança do regime fiscal do país, o que segundo ela, poderia resultar em impactos severos à economia brasileira, como aumento da inflação, menor crescimento da atividade econômica e elevação de juros pelo Banco Central.
Embora pessimista para o cenário local, a Legacy vê ambiente externo com mais otimismo, citando a melhora dos dados econômicos dos Estados Unidos e da China e estímulos por parte do Federal Reserve e do Banco Central Europeu. "Esperamos que a recuperação da atividade econômica e dos índices de mobilidade e a perspectivas de que as condições financeiras permaneçam relaxadas por um longo período sigam impulsionando os preços de ativos de risco."
A gestora também citou a expectativa em cima de os avanços das vacinas contra o coronavírus como favoráveis aos ativos globais. “A finalização de testes clínicos e a produção de uma vacina em escala são eventos cada vez mais próximos e prováveis, mitigando riscos. Diversos laboratórios devem divulgar estudos sobre a eficácia das vacinas no último trimestre de 2020. ” Sobre o aumento do número de casos na Europa, a expectativa da Legacy é de que não haverá o mesmo nível de restrições do início da pandemia e que, portanto, os efeitos econômicos serão “muito menores”.
O que pode ser um fator de risco, segundo a gestora, é a “probabilidade crescente” de candidato democrata Joe Biden vencer as eleições presidenciais dos Estados Unidos, “tendo em vista o provável aumento de imposto e regulação”. Por outro lado, a Legacy pontua que “o maior impulso fiscal no curto prazo tende a favorecer ativos como commodities, ouro e a enfraquecer o dólar” e que, por isso, manteve posição vendida contra o dólar americano e comprada em iene japonês, renminbi chinês e dólar de Singapura.
Apesar do ano turbulento, os dois fundos multimercados da casa, o Lagacy Capital FIC FIM e o Lagacy Capital B FIC FIM, acumulam alta de cerca de 5% desde o início de janeiro, . No acumulado dos últimos 12 meses, a valorização é de 7,7%, o equivalente a pouco mais de 200% do CDI, benchmark de ambos os produtos da casa.