Latam: empresa acertou ao entrar no Chapter 11 em 2020, diz CEO no Brasil (Germano Lüders/Exame)
Repórter Exame IN
Publicado em 10 de março de 2023 às 13h35.
O presidente da Latam Brasil, Jerome Cadier, está otimista. Encerrado o chapter 11, a companhia está com um balanço mais saudável justamente quando o mercado de aviação dá sinais de recuperação, com tendência de queda nos custos operacionais e redução de tarifas sem abrir mão de rentabilidade.
Ao fim de 2022, por exemplo, a operação de voos domésticos já companhia já estava a 98% do que era em 2019, pré-pandemia. Agora, a perspectiva da empresa é de que chegue a pelos menos 107% daquele ano, ou seja, que volte ao crescimento.
"A empresa tem mais caixa, menos dívida e custos mais baixos, o que nos permite crescer esse ano, mesmo com expectativa de volatilidade, mas aproveitando as oportunidades de crescimento", diz ele, afirmando que a companhia está mais competitiva. Cadier deu coletiva de imprensa no fim da manhã dessa sexta-feira, 10.
No quarto trimestre de 2022, a Latam registrou um lucro líquido de US$ 2,5 bilhões, ante perda de US$ 2,8 bilhões de um ano antes. No ano, o lucro líquido somou US$ 1,34 bilhão . Os números da linha final do balanço, no entanto, são afetados pelo processo de saída da recuperação judicial nos Estados Unidos, com as reclassificações de dívida.
Por isso, diz Cadier, não são os melhores números a se observar. Para entender o momento da Latam, o ideal é olhar as margens operacional e de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), com menos influência do chapter 11. A margem operacional ajustada, por exemplo, chegou a 8% no trimestre, superando a projeção do plano de negócios para o período. "Resultados foram bons, ficando em linha ou um pouco melhor do que tínhamos como plano", diz.
Agora o executivo, olha para o horizonte vendo uma tendência de queda no combustível para aviação, que representa cerca de 40% dos custos das aéreas. Segundo ele, se isso se mantiver, as passagens começam a ficar mais baratas. Difícil, diz ele, é mensurar de quanto será essa redução e por quanto tempo ela se manterá. Um fator a favor está na possibilidade da mudança da política de paridade de preços internacionais.
"No final das contas precisamos, sim, encontrar um caminho para reduzir custos operacionais das aéreas para as passagens ficarem mais baixas", afirma. A companhia não vai, porém, abrir mão de rentabilidade para ganhar mercado. "Ainda estamos num momento de recuperação da pandemia. Essa saúde de agora não quer dizer que vamos entrar em rotas deficitárias ou ganhar market não-rentável. Dificilmente se vai ver a Latam destruindo preço", argumenta.
A empresa aderiu ao chapter 11 em maio de 2020 e muitos consideraram, segundo Cadier, que se estava exagerando na dosagem do remédio. Mas, diz ele, a decisão foi acertada.
"Entrou no chapter 11 em maio de 2020 e se mostrou o momento ideal. Quem não passou por isso vai ter mais dificuldade. Fico feliz de estar numa companhia que se adiantou e fez a lição de casa cedo", diz ele. Após o longo período de pandemia que tanto machucou as aéreas, muitas aumentaram seu endividamento e queimaram caixa. Nos últimos dias, tanto Azul quanto a Gol informaram ações de reestruturação financeira, por exemplo.
"O mercado de aviação voltou. A grande dúvida que permanece é como vai ser a evolução da saúde e da solidez estratégicas das companhias na medida que o mercado volta ao normal", pondera Cadier.