Labubu: personagem impulsiona ações da Pop Mart e desafia rivais como Mattel e Hasbro (Annette Riedl/picture alliance/Getty Images)
Repórter
Publicado em 30 de setembro de 2025 às 09h04.
A Pop Mart, varejista chinesa de brinquedos colecionáveis listada em Hong Kong, está mirando a fórmula da Disney para transformar o sucesso das bonecas Labubu em uma franquia de longo prazo, segundo a Reuters.
As bonecas com cara de monstrinho se tornaram o primeiro produto chinês a conquistar público global pelo apelo criativo e emocional, e não apenas pelo preço acessível. O desempenho fez as ações da companhia dispararem quase 200% neste ano, elevando seu valor de mercado para acima da soma das gigantes do setor Hasbro, Mattel e Sanrio.
De acordo com a Reuters, a Pop Mart pretende expandir a marca para novos produtos, colaborações, entretenimento, parques temáticos e experiências em loja.
A meta é consolidar as bonecas Labubu como um ativo de propriedade intelectual de longo ciclo, a exemplo do Mickey Mouse, e, no futuro, desenvolver entre cinco e dez personagens com o mesmo potencial.
“Aprendemos com a Disney há muito tempo. O grande valor da Disney está em conseguir operar uma propriedade intelectual por longo prazo, até 100 anos”, disse Si De, diretor-executivo e co-COO da Pop Mart, em entrevista à Reuters.
Apesar do entusiasmo, especialistas alertam para o risco da dependência excessiva das bonecas Labubu. A linha “The Monsters”, da qual elas fazem parte, respondeu por quase 35% da receita total da Pop Mart no primeiro semestre de 2025.
Ainda assim, a popularidade de Labubu ajudou a impulsionar outros personagens da companhia. Molly, Skullpanda e Crybaby superaram 1 bilhão de yuans em vendas cada um no mesmo período, ampliando o alcance do portfólio.
O fenômeno também fortaleceu o mercado chinês de brinquedos de arte, que deve movimentar mais de 120 bilhões de yuans neste ano — cerca de 35% do mercado global. A tendência levou concorrentes como 52 Toys e Miniso a investir mais no desenvolvimento de personagens próprios e em parcerias com artistas, inspirados no modelo da Pop Mart.
O sucesso atual é fruto da aposta do fundador da empresa, Wang Ning, no mercado de colecionáveis ainda em 2010. Anos depois, ele consolidou parcerias com designers como Kenny Wong, criador da personagem Molly. A estratégia de vender as bonecas em caixas-surpresa, que custam entre US$ 10 a US$ 20, e o foco em consumidores jovens de alta renda são os pilares da companhia.
Para o analista Jeff Zhang, da Morningstar, o desafio da empresa agora é se manter competitiva diante de rivais mais consolidadas. “Todos conhecemos o manual da Disney, que é relativamente fácil de copiar, mas o sucesso não é. Em comparação com operadores de propriedade intelectual com legado, como Disney e Sanrio, a Pop Mart ainda tem um longo caminho a percorrer, e nesse processo há também riscos de execução”, disse à Reuters.