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Kraft Heinz anuncia divisão em duas empresas até 2026; veja o que muda

Gigante de alimentos criará unidades separadas para molhos e mercearia na América do Norte, com conclusão prevista para 2026

Publicado em 2 de setembro de 2025 às 08h43.

A gigante do setor de alimentos Kraft Heinz anunciou nesta terça-feira, 2, que vai se dividir em duas empresas independentes e listadas em bolsa, em uma divisão isenta de impostos prevista para o segundo semestre de 2026.

A medida busca "reduzir complexidade e destravar valor” após anos de vendas fracas. Segundo informações da Bloomberg e da Reuters, o desenho separa negócios de molhos, pastas e temperos de itens de mercearia na América do Norte.

Uma das companhias será a Global Taste Elevation Co, dona de marcas como o ketchup Heinz, Philadelphia e Kraft Mac & Cheese, com cerca de US$ 15,4 bilhões em vendas anuais.

A outra, a North American Grocery Co, reunirá Oscar Mayer, Kraft Singles e Lunchables, com aproximadamente US$ 10,4 bilhões em receitas, informou a Reuters.

“O porte por si só não é a resposta; ter escala com foco cria oportunidades”, disse o CEO Carlos Abrams-Rivera em entrevista ao Wall Street Journal.

Ele vai comandar a operação de mercearia na América do Norte, enquanto o conselho busca candidatos para liderar o negócio global de molhos, temperos e refeições prontas. A empresa também informou que não planeja mudar as sedes atuais em Pittsburgh e Chicago.

“As marcas da Kraft Heinz são icônicas e queridas, mas a complexidade da estrutura atual dificulta alocar capital de forma eficaz, priorizar iniciativas e gerar escala nas áreas mais promissoras”, afirmou Miguel Patricio, chairman do conselho, à Reuters.

Fim da megafusão

O anúncio desfaz, em parte, a megafusão de 2015, avaliada em US$ 46 bilhões, que uniu Kraft e Heinz em transação arquitetada pelo fundo de private equity brasileiro 3G Capital e pela Berkshire Hathaway, de Warren Buffett.

O movimento aprofunda a reversão da estratégia de anos na indústria de alimentos e bebidas, que buscava ganho de escala via aquisições. Um exemplo recente é a divisão da Kellogg em Kellanova, focada em snacks, e WK Kellogg, de cereais.

A Kraft Heinz, por sua vez, tem enfrentado demanda enfraquecida por itens como Lunchables, Capri Sun, macarrão com queijo e maionese. Para se alinhar às novas preferências dos consumidores, a empresa vem reformulando seu portfólio. Entre as iniciativas, lançou uma caixa maior de Mac & Cheese para servir cinco pessoas por menos de US$ 2 e melhorou biscoitos e crackers nos Lunchables. Em julho, projetou alta de custos entre 5% e 7% neste ano, repassando apenas parte desse avanço.

A complexidade operacional também pesa. A companhia administra quase 200 marcas em 55 categorias e 150 países, o que, segundo a própria gestão, dificulta investir em todas. A separação deve permitir que a unidade de mercearia amplie presença em canais ainda pouco priorizados, como lojas de conveniência.

Desafios da operação

Em julho, a Kraft Heinz registrou prejuízo no segundo trimestre após lançar uma baixa contábil de US$ 9,3 bilhões, reflexo da queda prolongada das ações e da capitalização de mercado.

No pré-mercado desta terça-feira, 2, os papéis chegaram a avançar cerca de 1%, mas acumulam baixa próxima de 21% em 12 meses — enquanto o S&P 500 subiu cerca de 14% no mesmo período.

Analistas apontam ainda desafios adicionais. Megafusões no setor de alimentos historicamente apresentam baixa taxa de sucesso, e a cisão da Kraft Heinz deve demandar a separação de estruturas comuns criadas ao longo dos anos — desde parcerias tecnológicas com Microsoft e Google até os centros de distribuição compartilhados.

Em maio, a companhia havia informado que estudava “potenciais transações estratégicas”, sem citar marcas específicas. A expectativa é que a separação das unidades, somadas, possa superar o valor de mercado atual, estimado em cerca de US$ 33 bilhões, embora o plano ainda esteja sujeito a ajustes até a conclusão.

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