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Kinea compra títulos indexados a inflação com receio sobre mudança no BC e risco fiscal

Taxas de inflação implícita de dez anos operam atualmente em níveis acima de 5%

NTN-B: Kinea tem migrado suas poucas apostas na renda fixa doméstica para títulos indexados à inflação (Getty/Getty Images)

NTN-B: Kinea tem migrado suas poucas apostas na renda fixa doméstica para títulos indexados à inflação (Getty/Getty Images)

Bloomberg
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Agência de notícias

Publicado em 1 de agosto de 2023 às 16h02.

A Kinea Investimentos, uma das principais gestoras de recursos do Brasil com mais de R$ 87 bilhões sob administração, disse que tem migrado suas poucas apostas na renda fixa doméstica para títulos indexados à inflação, as NTN-Bs, como forma de se proteger contra riscos crescentes de uma alta dos preços mais persistente.

“A inflação brasileira costuma ter uma inércia ao redor de um nível mais alto do que hoje refletido nos mercados”, disse a Kinea, em carta mensal de gestão. Nesse caso, as taxas de inflação implícita — embutidas nos títulos públicos e que expressam a diferença entre taxas nominais e reais — longas “parecem ter pouco prêmio” de risco, diz a gestora.

“Não vemos o processo de desinflação como duradouro, nem apostamos na convergência da inflação para a meta no médio prazo”, avalia o fundo.

As taxas de inflação implícita de dez anos operam atualmente em níveis acima de 5%, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

A Kinea associa a mudança na presidência do Banco Central, que deve ocorrer em 2025, com o fim do mandato de Roberto Campos Neto, a um risco de tolerância maior da autoridade monetária em relação à inflação. Para a gestora, essa visão decorre de uma “defesa frequente” feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva de uma inflação praticada maior do que a da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional.

O fundo também citou que o risco fiscal é “crescente ao longo do tempo”. Para a Kinea, as metas definidas no arcabouço fiscal não devem ser atingidas e a trajetória de gastos embutida na nova regra não parece crível.

Riscos para as empresas

Pelo menos pelos próximos 6 meses, a inflação ainda deve seguir bem-comportada, diz a Kinea — uma dinâmica que reflete impactos defasados da queda das commodities e do dólar na inflação de bens industriais. “Contudo, vemos esse cenário já refletido nos preços de mercado”, diz a gestora.

Em bolsa brasileira, o fundo diz que segue “taticamente otimista”. A gestora cita uma avaliação “em certa medida atrativa”, aliada à expectativa de início de ciclo de juros, que tem levado à alta nos preços das ações.

O segundo semestre, no entanto, deve trazer desafios para diversos setores, já que o governo deve lançar medidas para elevar a arrecadação via tributos, com peso para as companhias, diz a Kinea.

“Estamos taticamente alocados nos setores ligados à economia doméstica, mas com proteções com posições vendidas em empresas cujo impacto dos juros sobre o capital próprio no lucro é relevante”, disse o fundo. Uma das medidas atualmente em análise pelo governo é alterar a regra de JCP, segundo jornais. Para a Kinea, os setores que podem ser mais negativamente afetados pelo fim do JCP seriam o de bebidas e bancos.

A gestora está alocada em papéis de construção civil, infraestrutura, shoppings e utilidades públicas no momento.

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