Mercados

Juros têm alta com déficit fiscal e valorização do dólar

Ao término da negociação regular na BM&FBovespa, o contrato de DI para abril de 2015 (37.625 contratos) estava na máxima de 12,24%


	Bovespa: taxas refletiram números fiscais muito piores do que consenso do mercado e alta do dólar ante real
 (Germano Lüders/EXAME)

Bovespa: taxas refletiram números fiscais muito piores do que consenso do mercado e alta do dólar ante real (Germano Lüders/EXAME)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de dezembro de 2014 às 15h57.

São Paulo - Com o tradicional giro fraco de fim de ano, as taxas futuras de juros tiveram avanço e encerraram nesta segunda-feira, 29, perto das máximas, refletindo os números fiscais muito piores do que o consenso do mercado e a alta do dólar ante o real, sobretudo no período da tarde.

Ao término da negociação regular na BM&FBovespa, o contrato de DI para abril de 2015 (37.625 contratos) estava na máxima de 12,24%, ante 12,22% no ajuste anterior.

O DI para janeiro de 2016 (53.465 contratos) apontava 12,98%, também máxima, de 12,95% na sexta-feira.

O DI para janeiro de 2017 (60.105 contratos) mostrava 12,98%, de 12,93% no ajuste anterior.

E o DI para janeiro de 2021 (10.820 contratos) indicava máxima de 12,43%, de 12,35% na sexta-feira.

De acordo com o sócio gestor da Leme Investimentos, Paulo Petrassi, os números fiscais ruins direcionaram o avanço dos juros, ainda que o movimento não tenha sido muito intenso.

Ele destacou que os dados, por mais que sejam retrovisores, indicam que o futuro ministro da Fazenda terá um "trabalho muito árduo".

O Governo Central (Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social) apresentou déficit de R$ 6,711 bilhões - o pior resultado para o mês da série histórica do Tesouro Nacional, que começou em 1997.

O resultado ficou aquém da mediana das expectativas dos analistas do mercado financeiro, que iam de déficit primário de R$ 8,0 bilhões a superávit de R$ 2,30 bilhões, com mediana zero, conforme o AE Projeções.

No caso do setor público consolidado (Governo Central, Estados, municípios e estatais, com exceção da Petrobras e Eletrobras), o déficit primário foi de R$ 8,084 bilhões no mês passado - o pior resultado para o mês desde 2001, quando teve início a série histórica do Banco Central.

As estimativas variavam de um déficit primário de R$ 8,7 bilhões a um superávit R$ 4 bilhões, com mediana negativa de R$ 1 bilhão.

De janeiro a novembro, as contas do setor público acumulam um déficit primário de R$ 19,642 bilhões.

O chefe-adjunto do Departamento Econômico do Banco Central, Fernando Rocha, projetou que o alcance da projeção de superávit primário depende de um resultado de R$ 32,3 bilhões em dezembro.

Em entrevista ao jornal Valor Econômico de hoje, Joaquim Levy disse que ajuste fiscal previsto para o ano que vem deve elevar o superávit primário de R$ 10 bilhões previsto este ano para R$ 66 bilhões.

O ministro concordou que o esforço, considerando a necessidade de diminuição de subsídios, será maior do que esse número, mas negou-se a confirmar estimativas existentes de que chegaria a R$ 100 bilhões.

"Não dá para validar esse número de R$ 100 bilhões", afirmou Levy.

Um operador destacou que, à tarde, as taxas aceleraram um pouco o movimento de alta, alinhadas às máximas do dólar ante o real e também com a piora do ambiente externo, onde o petróleo voltou a cair e a moeda dos EUA ganhou força ante a maioria das demais divisas emergentes e ligadas a commodities.

No Brasil, como fator adicional, está a incerteza em relação ao programa de swaps do Banco Central. Assim, o dólar à vista no balcão teve valorização de 1,01%, a R$ 2,7040.

Acompanhe tudo sobre:B3bolsas-de-valoresEmpresasEmpresas abertasJurosservicos-financeirosTaxas

Mais de Mercados

Ibovespa sobe puxado por Petrobras após anúncio de dividendos

Escândalo de suborno nos EUA custa R$ 116 bilhões ao conglomerado Adani

Dividendos bilionários da Petrobras, pacote fiscal e cenário externo: assuntos que movem o mercado

Ação da Netflix tem potencial de subir até 13% com eventos ao vivo, diz BofA