Mercados

Juros: taxa longa dispara com temor de menor autonomia do BC

Possíveis mudanças na diretoria do Banco Central e uma queda da taxa de juros geram dúvidas no mercado

Luciano Coutinho é cotado para substituir Henrique Meirelles na direção do Banco Central (Rooswelt Pinheiro/AGÊNCIA BRASIL)

Luciano Coutinho é cotado para substituir Henrique Meirelles na direção do Banco Central (Rooswelt Pinheiro/AGÊNCIA BRASIL)

DR

Da Redação

Publicado em 8 de novembro de 2010 às 11h47.

São Paulo - Os juros nos mercados futuros têm a maior taxa em duas semanas nos contratos com vencimento em 2021, enquanto as taxas mais curtas recuam, com especulações de que a presidente eleita Dilma Rousseff pode pressionar o Banco Central para cortar o juro básico e assumir o controle da política econômica.

“O tripé macroeconômico ficará comprometido se o câmbio não for mais tão flutuante e o BC não for mais tão autônomo”, disse André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, que administra cerca de R$ 2 bilhões, em entrevista por telefone de São Paulo.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro de janeiro de 2021 disparava 20 pontos-base, para 11,93 por cento, às 11h42, maior taxa desde 25 de outubro, levando em conta os negócios intradiários. O DI de janeiro de 2012 caía 5 pontos- base, para 11,42 por cento. Todos os contratos caem entre fevereiro de 2011 e janeiro de 2012. De julho de 2012 em diante, todos sovem.

“O mercado está refletindo as notícias de que a Dilma quer centralizar as decisões de política econômica e vai cortar os juros logo na primeira reunião do BC”, disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe da CM Capital Markets, terceira maior corretora na BM&F Bovespa. “O mercado está levando a sério estas informações.”

Segundo a edição de ontem do jornal O Estado de S.Paulo, Dilma deve tirar Henrique Meirelles da presidência do BC e “centralizar em torno de si” as decisões na área econômica, forçando uma redução da básica de juros “logo na primeira reunião do Comitê de Política Monetária”.

A presidente eleita deve escolher Luciano Coutinho, atual presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, para liderar o Banco Central, segundo a revista Veja, que não revelou como obteve a informação.

A assessoria de imprensa da presidente eleita não quis comentar as informações do Estado e da Veja.

“Os juros para até 2012 estão caindo e os mais longos estão subindo, pois o mercado está entendendo que o governo Dilma terá de voltar a subir o juro depois de baixar no começo do governo”, disse Rostagno.

Segundo o estrategista da CM Capital, para convencer o mercado de que é possível baixar juro, o governo terá de fazer um ajuste fiscal forte. “Mas não é isto que está saindo nos jornais, que falam em aumento do salário mínimo”.

“O mercado está nervoso, ainda mais em uma semana em que teremos a reunião do G-20 para discutir a questão cambial”, disse Perfeito.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaBanco CentralDados de BrasilGoverno DilmaJurosMercado financeiro

Mais de Mercados

Mercado intensifica aposta em alta de 50 pontos-base na próxima reunião do Copom

Ação da Agrogalaxy desaba 25% após pedido de RJ e vale menos de um real

Ibovespa fecha em queda, apesar de rali pós-Fed no exterior; Nasdaq sobe mais de 2%

Reação ao Fomc e Copom, decisão de juros na Inglaterra e arrecadação federal: o que move o mercado