Federal Reserve: a possibilidade de retirada dos estímulos à economia dos Estados Unidos voltou a rondar as mesas de operação (ARQUIVO/WIKIMEDIA COMMONS)
Da Redação
Publicado em 28 de junho de 2013 às 17h25.
São Paulo - As taxas futuras de juros encerraram em alta nesta sexta-feira, 28, após forte correção de baixa ao longo da semana. O avanço nesta sessão é explicado por um conjunto de fatores internos e externos. Por aqui, o resultado primário do setor público consolidado decepcionou e veio abaixo do previsto.
Com isso, foi apagada parte do discreto otimismo recente com as contas públicas, depois de surpresas positivas com a arrecadação e o superávit do Governo Central.
No exterior, novas declarações de membros do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), desta vez do diretor Jeremy Stein, sugerindo que a remoção dos estímulos monetários pode ter início em setembro, puxaram o dólar e também incentivaram as taxas domésticas, sobretudo as de longo prazo.
Ao término da negociação regular na BM&FBovespa, a taxa do contrato futuro de juro para outubro de 2013 (39.565 contratos) estava em 8,45%, de 8,43% no ajuste anterior. O DI para janeiro de 2014 (94.785 contratos) marcava 8,93%, ante 8,87% na véspera. O vencimento para janeiro de 2015 (112.725 contratos) indicava taxa de 9,87%, ante 9,77%. Na ponta mais longa da curva a termo, o contrato para janeiro de 2017 (140.560 contratos) apontava máxima de 11,02%, ante 10,77%. O DI para janeiro de 2021 (6.705 contratos) estava em 11,29%, de 11,03% do ajuste anterior.
"As taxas passaram por uma pequena correção após as quedas desta semana. Mas seguiram muito longe das máximas recentes. Os investidores seguem olhando os dados domésticos e externos, mas parecem sem muita disposição para montar posições após as últimas turbulências. Ainda assim, o dólar alto e seus possíveis efeitos sobre a inflação ajudaram na recomposição de prêmios dos juros mais curtos", relatou um operador de renda fixa.
A possibilidade de retirada dos estímulos à economia dos Estados Unidos voltou a rondar as mesas de operação. Stein, que é membro votante do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed, reforçou que o último comunicado do banco central dos EUA se concentrou em dar mais clareza aos mercados e não em mudar a política monetária, mas disse que a instituição precisa analisar um conjunto de dados quando decidir diminuir suas compras de bônus e citou setembro como possível prazo para que isso ocorra.
Com isso, o dólar subiu desde o começo do dia ante boa parte das demais divisas, incluindo o real. A alta do dólar fez com que o BC fizesse duas intervenções, injetando US$ 3,977 bilhões no mercado. Ainda assim, a divisa dos EUA no mercado à vista de balcão terminou com alta de 1,64%, a R$ 2,231.
O resultado do setor público consolidado também contribuiu para o avanço das taxas de juros. O BC informou que o superávit primário do setor público foi de R$ 5,681 bilhões em maio. O número veio abaixo do piso das estimativas dos analistas ouvidos pelo AE Projeções, que iam de R$ 6,9 bilhões a R$ 13,1 bilhões. As empresas estatais tiveram déficit de R$ 790 milhões e foram determinantes para o resultado.