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Juros recuam em uma reação ao PIB de 2012

Com o crescimento tímido da economia, a expectativa para que a taxa básica aumente diminuiu


	Interior da bolsa brasileira de valores, a Bovespa: o juro com vencimento em julho encerrou a sessão a 7,21%, ante 7,27% no ajuste
 (Nacho Doce/Reuters)

Interior da bolsa brasileira de valores, a Bovespa: o juro com vencimento em julho encerrou a sessão a 7,21%, ante 7,27% no ajuste (Nacho Doce/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 1 de março de 2013 às 18h02.

O crescimento de apenas 0,6% da economia no quarto trimestre de 2012, abaixo da mediana das previsões do mercado, deixou claro que o ritmo de atividade ainda é um problema no Brasil.

Em reação, as taxas dos contratos futuros de juros recuaram em toda a curva a termo, em meio à percepção de que, apesar da pressão inflacionária, a necessidade de impulsionar o PIB levará o Banco Central a manter a Selic em 7,25% ao ano por mais tempo.

Embora os investidores tenham elevado recentemente as apostas de que a Selic subiria a partir da reunião de abril do Comitê de Política Monetária (Copom), nos últimos dias as taxas passaram a cair, com os profissionais reavaliando o momento do aperto monetário. Com o PIB de hoje, a expectativa para a alta da taxa básica em abril foi reduzida, assim como as apostas para o encontro seguinte do Copom, em maio.

Ao fim da sessão regular, a taxa do contrato futuro de juros com vencimento em julho de 2013 (197.145 contratos negociados) estava em 7,21%, ante 7,27% do ajuste de quinta-feira. O contrato para janeiro de 2014 (480.255 contratos) marcava 7,62%, ante 7,69%, enquanto o vencimento de janeiro de 2015 (343.860 contratos) estava em 8,30%, ante 8,35%. Entre os vencimentos mais longos, o contrato para janeiro de 2017 (114.655 contratos) tinha taxa de 9,04%, ante 9,12%, e o para janeiro de 2021 (9.895 contratos) marcava 9,56%, ante 9,63%.

Pela manhã, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o PIB do quarto trimestre foi de 0,6% ante o trimestre imediatamente anterior. O resultado ficou abaixo da mediana de 0,8% esperada pelo mercado, apesar de ter ficado dentro do intervalo previsto (de +0,40% a +1,00%). Com o resultado, o crescimento do País em 2012 foi de 0,90% em relação ao ano anterior, em linha com a mediana projetada pelos analistas e dentro das previsões (de +0,80% a +1,20%).

"As taxas dos DIs caíram bem nos últimos dias e, com o resultado do PIB, voltaram a ter uma trajetória de queda", comentou Flávio Serrano, economista-sênior do Besi Brasil. "Em geral, fica a discussão: este número do PIB vai ter influência ou não na decisão de política monetária?"

Serrano afirma que o BC sempre se mostrou mais preocupado com o nível de atividade. Porém, mais recentemente, declarações do presidente da instituição, Alexandre Tombini, demonstrando preocupação com o avanço dos preços, fizeram o mercado elevar as apostas de que o ciclo de alta dos juros começaria em abril. Isso ocorreu a despeito de a autoridade monetária não ter, formalmente, voltado atrás no que diz respeito à intenção de manter a Selic em 7,25% por um período "prolongado de tempo".

Nesta sexta-feira, com um PIB ainda ruim, os investidores não demonstraram tanta segurança na elevação dos juros. "No geral, a leitura foi de que está diminuindo a probabilidade de o BC fazer alteração de juros nas próximas reuniões do Copom", comentou Serrano. "Alguns investidores esperavam elevação de juros em abril, sendo que o BC tiraria o (termo) 'período prolongado' de seus documentos. Agora, eles estão reavaliando", acrescentou Maurício Nakahodo, consultor de pesquisas econômicas do Banco de Tokyo-Mitsubishi UFJ.

Este processo de reavaliação fez o mercado precificar, na tarde desta sexta-feira, alta de 18 pontos-base da Selic em abril, sendo que antes a expectativa praticamente unânime era de aumento de 25 pontos-base (alta de 0,25 ponto porcentual). Para maio, conforme profissional ouvido pelo Agência Estado, as apostas que antes eram de aumento entre 25 e 50 pontos-base, agora estão em 25 pontos-base. Na prática, as preocupações com a atividade voltam a fazer mais preço na curva a termo que os receios com a inflação.

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