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Juros longos sobem com temor sobre inflação

Ao término da negociação normal na BM&F, a taxa projetada pelo DI janeiro de 2013 estava na mínima de 7,29%

Telão da Bovespa (Alexandre Battibugli/EXAME.com)

Telão da Bovespa (Alexandre Battibugli/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 14 de setembro de 2012 às 17h31.

São Paulo - Os investidores em juros seguiram promovendo inclinação da curva a termo, com as taxas curtas e intermediárias de lado enquanto as longas avançaram novamente. Esse movimento está relacionado à melhora do ambiente externo, devido às ações de estímulo do Federal Reserve e das recentes decisões tomadas na Europa. Mas fatores internos também contribuem para sustentar as taxas longas. Além dos sinais de retomada da economia doméstica, evidenciada nesta sexta-feira pela alta de 0,42% do IBC-Br em julho ante junho - acima da mediana das expectativas, de +0,30% -, o discurso do governo sobre os efeitos desinflacionários das recentes desonerações e sobre a manutenção da taxa básica em patamar baixo no próximo ano traz o temor de que haja dificuldade para controlar os preços mais adiante.

Assim, ao término da negociação normal na BM&F, a taxa projetada pelo DI janeiro de 2013 (135.665 contratos) estava na mínima de 7,29%, nivelada ao ajuste. Já a taxa do contrato de juro futuro para janeiro de 2014 (379.600 contratos) marcava 7,78%, ante 7,77% na véspera. Entre os longos, o DI janeiro de 2017 (131.155 contratos) indicava 9,29%, de 9,25% na véspera. O DI janeiro de 2021, com giro de 8.010 contratos, subia para 9,92%, ante 9,86% no ajuste anterior.

Apesar do resultado melhor que o esperado do IBC-Br, houve uma desaceleração em relação à alta anterior, de 0,61% em junho ante maio. De qualquer forma, a visão dos economistas é de que este número, juntamente com outros indicadores antecedentes e de produção mais recentes, sustentariam a manutenção da Selic no atual patamar de 7,50%. Para o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otávio de Souza Leal, o dado mostra que a economia do País está reagindo às medidas de estímulo tomadas pelo governo federal e isso significa que não haverá corte da Selic em outubro. "O cenário traçado pelo Banco Central e pelo Ministério da Fazenda, de crescimento anualizado de 4% ao final de 2012, está se mostrando verdadeiro", afirmou.

Mas é a insistência do governo de que a inflação atual é resultado apenas de um choque momentâneo e de que não será preciso elevar a Selic em 2013 ainda deixa os investidores divididos para o encontro de outubro e receosos em relação ao comportamento dos preços no médio prazo. E por mais que a equipe econômica garanta que a redução do custo da energia e as desonerações da folha de pagamento em 2013 darão um importante alívio para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), os investidores se mostram relativamente céticos.

Um novo reajuste dos combustíveis, em especial da gasolina, não foi completamente descartado pelos agentes, apesar da negativa do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Além disso, a prerrogativa de manter o dólar acima de R$ 2,00, como ficou mais uma vez evidente com as duas operações de swap cambial reverso promovidas hoje pelo Banco Central, impedirá que a valorização do real compense um possível avanço maior dos preços das commodities se a economia global entrar em processo de recuperação.

No exterior, o avanço dos ativos de risco por mais um dia seguiu relacionado à decisão do Fed de fornecer mais estímulos à economia dos EUA. As bolsas europeias tiveram apenas hoje a oportunidade de reagir ao anúncio do Fed e apresentaram altas de mais de 2%, enquanto Wall Street ampliou os ganhos de quinta-feira e as commodities seguiram mostrando avanço das cotações.

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