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Juros futuros sobem com surpresa de alta da Selic

Aperto do juro básico brasileiro é visto entre os agentes financeiros como uma tentativa de resgatar a credibilidade do Banco Central


	Sede do Banco Central, em Brasília: Copom surpreendeu a todos ao elevar a taxa Selic para 11,25% ao an
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Sede do Banco Central, em Brasília: Copom surpreendeu a todos ao elevar a taxa Selic para 11,25% ao an (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 30 de outubro de 2014 às 09h14.

São Paulo - Na primeira reação do mercado de juros futuros à surpreendente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa Selic em 0,25 ponto porcentual, os contratos de DI mais curtos têm alta acelerada, o que já sinaliza uma continuidade do movimento iniciado ontem.

Esse inesperado aperto do juro básico brasileiro é visto entre os agentes financeiros como uma tentativa de resgatar a credibilidade do Banco Central, o que ajudaria a afastar a ameaça de perda da nota de grau de investimento do País.

Às 9h20, na BM&FBovespa, o DI para janeiro de 2015 tinha taxa de 11,235%, ante 10,942% no ajuste de ontem; o DI para abril de 2015 estava em 11,610%, na máxima, de 11,259% no ajuste da véspera; o DI para julho de 2015 projetava taxa de 11,830%, de 11,500% no ajuste anterior; e o DI para outubro de 2015 estava em 12,01%, também na máxima, de 11,739% no ajuste de ontem.

Segundo cálculos de profissionais da área de renda fixa, a curva a termo precifica, no momento, 80% de chance de um novo aumento de 0,25pp no encontro de dezembro do Copom e outros 70% de chance de uma alta maior em janeiro, de 0,50pp.

Já nos contratos intermediários, o DI para janeiro de 2016 estava em 12,17%, de 11,83%; e o DI para janeiro de 2017 tinha taxa de 12,21%, de 11,98%. Entre os vencimentos mais longos, o DI para janeiro de 2021 estava em 12,05%, de 12,15%, na mesma comparação.

Na quarta-feira, 29, à noite, o Copom surpreendeu a todos ao elevar a taxa Selic para 11,25% ao ano. Embora totalmente inesperada, a decisão foi bem-recebida pela maioria dos economistas consultados pelo Broadcast, uma vez que ajuda a resgatar a credibilidade do BC, mostrando a independência da autoridade monetária, e responde à recente piora da inflação corrente, das expectativas para os preços e da forte alta do dólar.

Os agentes financeiros repercutem ainda a divisão no placar entre os diretores do BC, com cinco votos a favor do aperto e três votos pela manutenção.

Há ainda quem acredite que esse pode ser um primeiro sinal de uma política econômica mais ortodoxa, dando início a um ciclo de aperto monetário da Selic, que pode ser elevada para além de 12%.

Para o jornal britânico Financial Times, o aumento do juro no Brasil vai na contramão do tom da campanha eleitoral de Dilma Rousseff (PT), que acusou Aécio Neves (PSDB) de que um eventual governo da oposição teria aumento de juros, o que geraria recessão e desemprego.

"Três dias após a reeleição e horas após o fim do programa de relaxamento quantitativo nos Estados Unidos, o Banco Central do Brasil aumentou o juro para 11,25%, o maior patamar em três anos", destaca a reportagem do FT, acrescentando que a decisão pegou o mercado de surpresa.

Embora a consultoria britânica Capital Economics suspeite, conforme relatório, "que os verdadeiros motivos por trás da elevação surpreendente de ontem à noite foram políticos", a decisão do Copom é um sinal de que o novo governo da presidente Dilma pode focar mais no combate à inflação.

"O foco vai agora se voltar para os planos do governo na área fiscal, mas novos apertos nos juros provavelmente também serão necessários", diz o texto, acrescentando que a Selic pode avançar mais 0,75 pp até o fim do primeiro trimestre do próximo ano, ficando nesse patamar pelo restante de 2015.

Enquanto digerem o indício de um novo perfil da política econômica e seguem no aguardo da definição dos nomes para os cargos de ministérios, os investidores também avaliam a possibilidade de um aumento nos preços dos combustíveis, com essa "janela" que poderia ter sido aberta pelo BC.

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