Homem passa em frente a sede do Banco Central, em Brasília: o relatório do BC trouxe piora nas projeções de inflação para 2014 e 2015 (Dado Galdieri/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 1 de outubro de 2013 às 11h00.
São Paulo - Os juros futuros abriram nesta terça-feira, 1, com viés de alta, sustentados por ajustes de posições e ainda repercussão do Relatório Trimestral de Inflação (RTI). As taxas de longo prazo, porém, inverteram a direção e passaram a cair com a desvalorização do dólar ante o real.
"O mercado não gostou da avaliação do BC no relatório de inflação sobre o fiscal. Levanta dúvidas quanto à autonomia do BC no combate à inflação", afirmou o gerente de renda fixa da Leme Investimentos, Paulo Petrassi, avaliando que tais dúvidas são o principal fator a pressionar as taxas para cima.
O RTI trouxe ainda piora nas projeções de inflação para 2014 e 2015 e, com isso, os juros de curto prazo passaram a precificar de forma majoritária mais duas elevações de 0,50 ponto porcentual da Selic até o fim de 2013.
As taxas de longo prazo são as mais sensíveis ao comportamento do dólar e acompanharam a desvalorização da moeda, há pouco, em meio a leilão de venda pelo BC no mercado futuro. No cenário externo, o dólar perde força em meio à perspectiva de que o Federal Reserve possa adiar novamente o início da retirada de estímulos monetários nos EUA, para proteger a economia de eventuais impactos da paralisação parcial do governo a partir de hoje. O "fechamento" do governo ocorreu pela não aprovação do Orçamento do ano fiscal de 2014.
Às 10h10, o contrato de Depósito Interfinaceiro (DI) para janeiro de 2015 apontava 10,21%, na mínima, de 10,24% no ajuste de segunda-feira, 30 de setembro, o DI para janeiro de 2017, 11,34% (11,42% ontem). No trecho curto, o DI para janeiro de 2014 indicava 9,37%, de 9,36% na véspera. O dólar à vista no balcão caía 0,77%, a R$ 2,199, na mínima.
Mais cedo, saiu a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S) em setembro, que ficou em 0,30%, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV). O resultado representa aceleração ante a taxa de 0,20% de agosto. Porém, ficou abaixo da mediana das estimativas do mercado financeiro colhidas pelo AE Projeções, de 0,32%.