"O exterior e a alta do dólar definiram a queda das taxas dos DIs hoje", resumiu Paulo Petrassi, gerente de renda fixa da Leme Investimentos (BM&FBovespa/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 2 de agosto de 2013 às 17h09.
São Paulo - A criação de vagas de emprego nos Estados Unidos em julho, abaixo do esperado, e o enfraquecimento do dólar ante o real incentivaram a baixa nas taxas dos contratos futuros de juros nesta sexta-feira, 02.
Pela manhã, os juros chegaram a subir, mas a divulgação do payroll fez as taxas dos Treasuries (títulos do Tesouro dos EUA) recuarem e o dólar cair em relação a várias divisas, o que se refletiu na baixa das taxas dos DIs, em especial nos contratos com prazos mais longos. Profissionais do mercado citaram ainda certa realização de lucros, após os avanços mais recentes.
No fim da sessão regular, a taxa do contrato futuro de juros com vencimento em outubro de 2013 (63.705 contratos negociados) estava em 8,52%, ante 8,49% do ajuste anterior. A taxa do DI para janeiro de 2014 (205.610 contratos) marcava 8,90%, ante 8,91% na véspera, enquanto o contrato para janeiro de 2015 (366.135 contratos) tinha taxa de 9,72%, ante 9,84%. Na ponta mais longa, o DI para janeiro de 2017 (181.015 contratos) marcava 10,86%, ante 11,08%, e o contrato para janeiro de 2021 (5.110 contratos) tinha taxa de 11,16%, ante 11,35%.
Em meio à expectativa com o payroll, as taxas de juros abriram em alta. Quando os dados saíram - apontando a criação de 162 mil empregos em julho nos EUA, abaixo dos 183 mil esperados -, o cenário mudou. O dado reforça as apostas de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) levará um pouco mais de tempo para começar a redução de seu programa de incentivos à economia do país. Com isso, as taxas dos Treasuries caíram, o dólar se enfraqueceu e os juros no Brasil passaram a sofrer pressão de baixa, em especial os contratos longos, mais sensíveis à atuação dos investidores estrangeiros.
"O exterior e a alta do dólar definiram a queda das taxas dos DIs hoje", resumiu Paulo Petrassi, gerente de renda fixa da Leme Investimentos. "Mas também houve a devolução de certo exagero, principalmente entre os contratos mais longos", comentou. "Ontem, por exemplo, o contrato janeiro 2015 chegou a precificar quatro altas de 0,50 ponto porcentual para a Selic. Agora está bem menos."
Outro profissional também citou a influência do exterior e do dólar sobre as taxas, mas lembrou que nada de substancial mudou no cenário brasileiro. "O juro caiu hoje em razão dos números da economia americana. Mas nada mudou em relação aos fundamentos que tínhamos pela manhã - e que faziam os juros subirem", afirmou.
"O Brasil segue com problemas de inflação e na área fiscal", acrescentou o operador, para quem a tendência para as taxas dos DIs continua sendo de alta. Segue consolidada a expectativa de que, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), no fim deste mês, a Selic será elevada em mais 0,50 ponto porcentual. Atualmente, a taxa básica está em 8,50% ao ano.