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Juros: DI sobe com IPCA-15 acima do teto das expectativas

Pressão sobre os juros vem da incerteza quanto ao futuro do BC e ao aumento da previsão de inflação

Saída de Meirelles do BC preocupa os mercados quanto ao combate à inflação (Elza Fiúza/EXAME.com)

Saída de Meirelles do BC preocupa os mercados quanto ao combate à inflação (Elza Fiúza/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 23 de novembro de 2010 às 09h34.

São Paulo - Os juros nos mercados futuros sobem pelo quarto dia depois de indicadores terem mostrado aumento maior do que o esperado da inflação. O mercado também continua refletindo as informações sobre possível mudança no comando do Banco Central.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro de janeiro de 2012 subia 6 pontos-base às 9h50, para 11,83 por cento. A taxa para janeiro de 2013 subia 2 pontos, para 12,37 por cento.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 de novembro subiu 0,86 por cento em novembro, acima de todas as estimativas colhidas em pesquisa da Bloomberg. A mediana da pesquisa apontava para 0,72 por cento.

“Os alimentos pressionaram mais do que o esperado” e isso reforça a aposta em alta dos juros em 2011, disse Newton Camargo Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, em entrevista por telefone de São Paulo.

O Índice de Preços ao Consumidor semanal da Fundação Getúlio Vargas também se acelerou mais do que o esperado ao atingir 0,85 por cento no período até 22 de novembro, ante 0,72 por cento no período anterior. O dado superou a mediana de 0,79 por cento das estimativas da pesquisa Bloomberg. Segundo a FGV, foi a maior taxa desde a primeira semana de abril.

A pressão sobre os juros tem vindo não apenas da inflação como também das incertezas sobre o comando do BC no novo governo, disse Rosa.

Mudança no BC

Os juros futuros chegaram a subir mais de 30 pontos-base nos contratos a partir de 2016 ontem com declarações, feitas por pessoas envolvidas no processo de transição, de que ainda não estava definido o futuro do atual presidente do BC, Henrique Meirelles, no governo da presidente eleita Dilma Rousseff. A pesquisa Focus que apontou crescimento das estimativas para a inflação em 2010 e 2011 também pesou no mercado de ontem.

A coluna de renda fixa da Bloomberg mostra hoje que o mercado está apostando que o governo Dilma não conseguirá cumprir a meta de inflação. Além da alta das commodities, vem aumentando o receio de que a presidente eleita não tomará as medidas necessárias para conter o avanço do gasto público.

O Tesouro Nacional oferece até 1,25 milhão de Notas do Tesouro Nacional, série B, ligadas ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo, em leilão hoje. Serão até 750 mil com prazos para 2014, 2016 e 2020 e mais até 500 mil com vencimentos para 2030, 2040 e 2050.

‘Na hora certa’

Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, um dos coordenadores da equipe de transição de Dilma já sondou quatro nomes para o BC. O atual diretor de Normas, Alexandre Tombini, é o mais cotado. Também estão sendo considerados o presidente do Banco Bradesco SA, Luiz Carlos Trabuco Cappi, o economista-chefe do Bradesco, Octávio de Barros, e o presidente da Federação Brasileira de Bancos e do Grupo Santander Brasil, Fábio Barbosa.

Meirelles afirmou em evento ontem que tem “grande satisfação em ter participado das conquistas do governo” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Meirelles disse que o anúncio sobre a sua permanência ou não à frente da instituição sairá “na hora certa”.

“Quando me perguntam como eu gostaria de encerrar meu trabalho, respondo que eu espero terminar o trabalho com a estabilidade macroeconômica deste País, provendo as condições para o crescimento sustentado.”

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