São Paulo - Os juros nos mercados futuros sobem pelo quinto dia consecutivo com a ampliação da aposta em aperto monetário para combater a alta da inflação. O Comitê de Política Monetária começa hoje e termina amanhã, devendo elevar a taxa básica pela primeira vez desde julho.

O Depósito Interfinanceiro mais negociado, de janeiro de 2012, subia 5 pontos-base às 9h45 para 12,45 por cento, mantendo-se no maior nível desde 10 de maio de 2010. O vencimento de janeiro de 2013 subia 5 pontos, para 12,80 por cento.

“O mercado já está trabalhando com um ciclo de 250 pontos, levando-se em conta cinco altas de 50 pontos cada”, disse Huang Kuo Seen, que ajuda a administrar R$ 5 bilhões na Mapfre DTVM SA em entrevista por telefone de São Paulo. “A dúvida é se o BC vai acelerar as altas para 75 pontos”.

Segundo Huang, a inflação tem sido pressionado pela alta das commodities e também pode sofrer impacto das chuvas. A alta dos juros futuros também reflete a ausência de sinalização sobre um ajuste fiscal por parte do governo, disse. “Falta uma sinalização mais clara de austeridade fiscal”.

Divulgado hoje, o Índice de Preços ao Consumidor do município de São Paulo subiu 0,86 por cento até 15 de janeiro, acima da mediana das estimativas, de 0,80 por cento, no segundo indicador quadrissemanal de preços divulgado nesta semana e que mostrou aceleração dos preços. Divulgado ontem, o Índice de Preços ao Consumidor Semanal, da Fundação Getúlio Vargas, se acelerou para 1,06 por cento no período até 15 de janeiro, ante 0,92 por cento no período anterior.

Cenário externo

As commodities, um dos fatores de pressão inflacionária no Brasil, estão em alta. O petróleo sobe e é cotado acima de US$ 91, após a International Energy Agency elevar a projeção de demanda para o produto em 2011. O cobre subiu em Londres com expectativa de déficit na oferta global do produto. Produtos agrícolas como algodão, trigo e açúcar também avançam.

Os juros futuros subiram ontem e atingiram o maior nível em oito meses, após o aumento das expectativas de inflação na pesquisa Focus do Banco Central ter reforçado as apostas em alta dos juros. A maioria do mercado espera alta de 0,50 ponto percentual, mas uma minoria aposta em até 0,75 ponto.

A pesquisa do Banco Central com 100 economistas do mercado divulgada ontem mostrou que a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo subiu de 5,34 por cento para 5,42 por cento em 2011, quase 1 ponto percentual acima do centro da meta, de 4,5 por cento.

A coluna de renda fixa da Bloomberg mostra hoje que o governo brasileiro tenta conter o crescimento recorde dos empréstimos para compra de veículos, numa tentativa de impedir a formação do que o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, chamou de bolha de crédito.