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Juros: DI sobe após Meirelles sinalizar possível alta da Selic

Analista considera que taxa deve subir em dezembro ou janeiro

Henrique Meirelles disse que as últimas decisões da selic levaram em conta o rombo no Panamericano (Antonio Cruz/AGÊNCIA BRASIL)

Henrique Meirelles disse que as últimas decisões da selic levaram em conta o rombo no Panamericano (Antonio Cruz/AGÊNCIA BRASIL)

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Da Redação

Publicado em 26 de novembro de 2010 às 10h34.

São Paulo - Os juros nos mercados futuros sobem nos prazos mais curtos com o mercado apostando na possibilidade de alta da taxa básica já na reunião do Comitê de Política Monetária de dezembro, ou no mais tardar em janeiro.

O mercado reage a declarações dadas ontem pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, de que os investidores devem considerar em sua análise futura que o fator de incerteza representado pelo Banco Panamericano SA influenciou as decisões de anteriores do Copom e agora já foi solucionado.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro de janeiro de 2011 subia 5 pontos-base, para 10,75 por cento às 9h52. O DI de janeiro de 2012 subia 5 pontos-base, para 11,94 por cento.

“O mercado já precifica quase 50 por cento de chance de aumento da Selic em dezembro, embora seja mais provável em janeiro”, disse Eduardo Alves de Castro, gestor de fundos do Santander Asset Management, que administra R$ 116 bilhões, em entrevista por telefone de São Paulo.

Meirelles disse ontem em entrevista gravada durante reunião com economistas que a existência de inconsistência contábil no sistema financeiro - e que depois se descobriu que estava concentrada no Banco Panamericano e era de R$ 2,5 bilhões - foi levada em consideração nas últimas reuniões do Copom. As duas decisões foram de manter a taxa básica em 10,75 por cento.

Meirelles disse que no início não sabiam a extensão dos problemas de crédito, e que depois o BC descobriu que estavam concentrados no Panamericano.

Segundo Meirelles, o fato de o mercado não conhecer esta informação, que o BC não podia anunciar em razão do sigilo bancário, levou a “considerações legítimas” sobre as decisões anteriores do BC. Agora, Meirelles disse que deu a explicação para que ela seja considerada em análises sobre o futuro. “Para que todos possam levar em conta na sua análise, principalmente quando fazem análise futura”.

Melhora fiscal

Meirelles disse também que as incertezas sobre as políticas fiscal e monetária no próximo governo, que vinham desancorando as expectativas do mercado, agora estão sendo esclarecidas.

“A incerteza sobre de um lado a questão fiscal, mas de outro lado também, inclusive, sobre a postura do BC na próxima administração estava levando a uma certa desancoragem de expectativas nos últimos meses”, disse Meirelles. “O que quero chamar a atenção de todos é que isso são questões que estão sendo esclarecidas.”

“Quanto mais melhora fiscal, teoricamente menos temos juros”, disse Alves de Castro sobre o impacto destas sinalizações nos contratos longos de juros futuros.

Economia aquecida

Dados divulgados ontem reforçaram a ideia de que a economia está aquecida. A taxa de desemprego no País caiu para 6,1 por cento em outubro, menor nível já registrado. O Índice Nacional de Custo da Construção da Fundação Getulio Vargas subiu 0,36 por cento em novembro, mais do dobro da alta de 0,15 por cento de outubro.

Ontem, os juros nos mercados futuros caíram pelo terceiro dia nos vencimentos a partir de julho de 2012, com a aposta de que o novo governo vai combater a inflação, mantendo a autonomia do BC para elevar os juros e controlando os gastos públicos.

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