O BC disse precisar avaliar mais o impacto das medidas anteriores para mudar estratégia (Luiz Fernando Oliveira de Moraes/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 9 de dezembro de 2010 às 09h10.
São Paulo - Os juros nos mercados futuros abriram em baixa nos contratos até julho de 2012 após o Comitê de Política Monetária do Banco Central ter mantido a taxa básica inalterada ontem pela terceira reunião consecutiva e não sinalizar claramente aperto monetário no início de 2011.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro janeiro de 2011 recuava 7,7 pontos-base às 9h38, para 10,64 por cento, enquanto o vencimento de janeiro de 2012 caía 5 pontos, para 12,02 por cento. O contrato para janeiro 2014 subia 5 pontos para 12,30 por cento.
“O mercado incorporava 25 por cento de chance de alta ontem e isso força um ajuste e, além disso, o comunicado não foi tão incisivo em sinalizar alta em janeiro como se pensava”, disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe da CM Capital Markets Ltda.
No comunicado da decisão de ontem à noite, o Copom disse que o cenário está “menos favorável” do que no encontro anterior e que não foi “oportuno reavaliar a estratégia” nesta reunião, por causa das medidas anunciadas na semana passada. O BC disse ainda que precisa de “tempo adicional” para avaliar o impacto das medidas e que acompanhará o cenário até a próxima reunião, para então definir os “próximos passos”.
O BC anunciou em 3 de dezembro um aumento nas alíquotas do compulsório bancário para retirar cerca de R$ 61 bilhões da economia.
‘Tempo adicional’
“Os mercados vão reavaliar a probabilidade de que eles elevam já em janeiro”, disse Marcelo Salomon, economista-chefe para o Brasil no Barclays Capital, em entrevista por telefone de Nova York ontem.
Para Thais M. Zara, economista-chefe da Rosenberg & Associados, a dúvida é se o “tempo adicional” citado no comunicado será até a próxima reunião, de 18 a 19 de janeiro, ou se o prazo será maior. “Provavelmente vão acompanhar os dados até janeiro e, se a demanda continuar muito forte mesmo após as medidas do compulsório, o BC vai agir”.
O Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna subiu 1,58 por cento em novembro, acelerando-se em relação à taxa de outubro, de 1,03 por cento, e superando a mediana das estimativas apuradas pela Bloomberg, de 1,50 por cento. O Índice de Preços ao Consumidor do IGP-DI passou de 0,59 por cento para 1 por cento.
“A alta reflete basicamente o aumento das commodities, que atingiu primeiro os preços agrícolas e agora os industriais”, disse Thais, da Rosemberg, um dos analistas que estimaram com precisão o resultado do índice, em entrevista por telefone de São Paulo.
O Produto Interno Bruto cresceu 0,5 por cento no terceiro trimestre, acima da alta de 0,4 por cento apontada em mediana das estimativas apuradas pela Bloomberg. No trimestre anterior, o crescimento foi de 1,2 por cento.
O Índice de Preços ao Consumidor do município de São Paulo subiu 0,67 por cento no período até 7 de dezembro, ante estimativa mediana de 0,69 por cento. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo de novembro, divulgado ontem, subiu 0,83 por cento, na maior alta em cinco anos.