Painel da Bovespa: ao término da negociação regular na BM&FBovespa, a taxa do contrato futuro de juro para janeiro de 2014 (249.565 contratos) marcava 9,27% (Alexandre Battibugli/EXAME)
Da Redação
Publicado em 5 de setembro de 2013 às 17h17.
São Paulo - O mercado de juros praticamente anulou a agenda farta desta quinta-feira, 5, com um fechamento perto da estabilidade, ainda que o viés de baixa tenha prevalecido nos vencimentos curtos e o de alta, nos longos.
Dados positivos dos Estados Unidos puxaram os juros dos títulos da dívida do Tesouro norte-americano, os Treasuries, o que pressionou para cima as taxas domésticas.
Mas a queda do dólar ante o real limitou esse movimento. Mesmo porque, os investidores esperam pelos números do payroll, documento sobre o mercado de trabalho dos EUA que será conhecido na sexta-feira, 6.
A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta manhã, reforçou a ideia de que o ritmo de alta da Selic continuará em 0,50 ponto porcentual, ainda que alguns pontos do documento indiquem que o ciclo não deva se estender tanto quanto a curva de juros sinaliza.
Ao término da negociação regular na BM&FBovespa, a taxa do contrato futuro de juro para janeiro de 2014 (249.565 contratos) marcava 9,27%, de 9,28% no ajuste anterior.
O vencimento para janeiro de 2015 (448.955 contratos) indicava taxa de 10,47%, de 10,53%. Na ponta mais longa, o contrato para janeiro de 2017 (266.075 contratos) apontava 11,79%, igual à véspera. A taxa do DI para janeiro de 2021 (5.810 contratos) estava em 12,18%, de 12,15% no ajuste anterior.
Segundo o economista sênior do Besi Brasil, Flávio Serrano, a ata do Copom deixa claro que haverá, pelo menos, mais uma alta de 0,50 ponto porcentual da Selic.
Além disso, segundo ele, o dólar deve seguir ditando as apostas na alta do juro básico. "Mas há outros trechos que também indicam que o aperto monetário não será muito mais extenso", afirmou Serrano, chamando a atenção para dois pontos do documento: a transição da política fiscal para a neutralidade e a manutenção das projeções de inflação no cenário de referência, apesar de o dólar usado como parâmetro ter saltado de R$ 2,25 para R$ 2,40.
Vale destacar que o dólar subiu nos pregões globais, diante de uma série de indicadores positivos nos EUA. No Brasil, no entanto, a moeda norte-americana voltou a cair diante do real, em meio à tradicional intervenção do Banco Central e ao fluxo positivo de recursos. O dólar à vista no mercado de balcão terminou a R$ 2,322, com baixa de 1,44%.
No exterior, em meio a decisões de política monetária no Japão, na Inglaterra e na zona do euro, chamou a atenção a declaração do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, de que a instituição discutiu o corte nos juros na zona do euro. A fala colocou as taxas de juros domésticas nas mínimas, ainda que tenham voltado a ganhar fôlego posteriormente.
Os indicadores norte-americanos voltaram a reforçar a possibilidade de o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) começar a reduzir os estímulos ainda neste mês.
Caso o relatório do mercado de trabalho seja positivo, o mercado tende a fechar consenso em torno deste movimento por parte da autoridade monetária dos EUA. Não à toa, o juro da T-note de 10 anos quase tocou 3% nesta sessão, marcando 2,986%, às 16h48 (horário de Brasília), de 2,895% no fim da tarde da véspera.