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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h45.
São Paulo - O mercado de juros promoveu os últimos ajustes antes da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, solidificando a aposta de alta de 0,75 ponto porcentual da taxa Selic como majoritária, o que levaria a taxa para 9,5% ao ano. Esse movimento foi traduzido na elevação dos prêmios nos contratos futuros de depósito interfinanceiro (DI) de curto prazo e alívio nos vencimentos longos.
Ao término da negociação normal na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o volume de contratos negociados era expressivo, liderado pelo vencimento de DI de junho de 2010, um dos que melhor refletem as apostas para a decisão do Copom de hoje. Com 1.268.445 contratos negociados, este vencimento projetava taxa de 9,285% ao ano, de 9,24% no ajuste de ontem.
O DI com vencimento em julho de 2010 (604.010 contratos negociados) avançava a 9,563% ao ano, de 9,50% ontem; o DI de janeiro de 2011 (393.665 contratos negociados) projetava taxa de 10,91% ao ano, ante 10,85% ontem; e a projeção do DI com vencimento em janeiro de 2012 (139.420 contratos negociados) subia de 12,19% ao ano para 12,21%.
A expectativa em relação ao resultado do Copom conduziu os negócios, mas a situação delicada na Europa segurou pela manhã avanço maior dos contratos de curto prazo. Após rebaixar a nota soberana da Grécia - que perdeu o grau de investimento - e de Portugal ontem, a agência de classificação de risco Standard & Poor's hoje cortou o rating de crédito soberano de longo prazo da Espanha de AA+ para AA, e atribuiu à nota uma perspectiva negativa. Não se sabe até que ponto a questão fiscal nos países europeus pode pesar sobre a decisão do Copom hoje, mas, na dúvida, foi melhor não descartar totalmente essa possibilidade.
Operadores afirmam que a decisão do banco central americano (Fed) teve uma influência indireta, e discreta, em alguns vencimentos de DI futuro, como o de janeiro de 2011. A decisão de manter entre zero e 0,25% ao ano a taxa básica de juro dos EUA não surpreendeu, e o comunicado que acompanhou o anúncio da decisão trouxe pouca novidade.
O Fed não mencionou diretamente no comunicado a venda de mais de US$ 1 trilhão em títulos hipotecários que mantém em seu balanço. Mas, no geral, o mercado passou a exibir um pouco mais de apetite pelo risco após a decisão, com as bolsas em Wall Street acelerando os ganhos.
Que a Selic vai subir hoje, não há dúvida. A incerteza é como será a condução do processo, provocada por uma série de fatores que vão desde as variáveis macroeconômicas a questões políticas, passando pela postura do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, nos últimos dias. A precificação da aposta de 0,75 ponto porcentual continuou com 70% de probabilidade nas projeções das taxas futuras, mas o mercado teria ampliado posições nesta opção para as próximas reuniões do Copom.