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JPMorgan reduz exposição a ações brasileiras em carteira para América Latina

Embora reconheça que a Bolsa brasileira esteja relativamente "barata", banco cita cenário mais arriscado com debate "prematuro" da eleição presidencial de 2022 e piora da inflação

. (Germano Lüders/Exame)

. (Germano Lüders/Exame)

PB

Paula Barra

Publicado em 16 de março de 2021 às 12h00.

Última atualização em 16 de março de 2021 às 12h07.

O JPMorgan reduziu exposição a ações brasileiras em seu portfólio para América Latina, citando expectativa de alta volatilidade pela frente em meio ao início "prematuro" do debate da eleição presidencial de 2022 e piora da inflação.

A recomendação do Brasil foi cortada de overweight (exposição acima da média) para neutra, enquanto México foi elevado para overweight.

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"Embora reconheçamos que o mercado brasileiro está relativamente barato e que pode negociar em um patamar melhor uma vez que a vacinação aumente, não temos uma opinião forte sobre uma recomendação direcional [no país], considerando a alta volatilidade esperada pela frente devido ao início muito prematuro do debate presidencial de 2022 e a piora da inflação e da dinâmica do emprego (essa última devido à escalada da pandemia)", comentaram os estrategistas do banco, entre eles, Emy Shayo, e Pedro Martins Junior, que assinam o relatório divulgado a clientes ontem.

Apesar de apontarem que seguem otimistas com as campanhas de vacinação do país (a projeção conservadora do banco indica que o país deve vacinar pouco mais de 20% da população até o meio do ano, o que corresponderia à população acima de 60 anos e profissionais da saúde, chegando a 65% até o fim do ano), as perspectivas para reformas e câmbio se mostram menos promissoras.

Segundo os estrategistas, depois de muita pressão do mercado, o Congresso brasileiro conseguiu aprovar a PEC Emergencial com certa diluição. Mas, ainda assim, existem desafios pela frente. "Apesar de serem esperadas algumas mudanças em questões micro, o avanço das reformas mais caras é questionável".

Do lado do câmbio, eles apontaram que ainda continuam acreditando que o real tem espaço para se valorizar frente ao dólar. Eles argumentam que o início do ciclo de alta de juros no Brasil, junto com a valorização dos preços das commodities, ajuda nesse sentido. Contudo, ressaltaram que o debate "prematuro" da eleição presidencial do ano que vem, com as notícias crescentes de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderá concorrer, pode puxar a moeda em uma direção oposta.

"Notamos a forte correlação entre o real e o risco-país, que não deve diminuir se o barulho político continuar sendo a norma, especialmente considerando a antecipação do debate da eleição presidencial de 2022, com a potencial entrada do ex-presidente Lula na disputa".

"Vimos uma situação semelhante a essa por volta de 2015. O problema é que pode-se chegar a um ciclo de feedback negativo no qual o ruído político elevado leva a um aumento no risco-país, traduzindo-se em uma moeda mais fraca, inflação mais alta e taxas de juros mais altas", destacaram.

Além disso, eles chamaram atenção para a piora da dinâmica da inflação no país. "As expectativas de inflação estão subindo há nove semanas consecutivas, e o consenso é de que o IPCA ultrapasse a meta de 3,75% este ano, com chances de superar o teto da meta de inflação (5,25%)".

De acordo com os estrategistas, a discussão sobre política monetária é algo que está longe de ser resolvida. Se por um lado, com a inflação em alta, o real poderia se beneficiar de uma resposta mais acirrada da política monetária. Por outro, o crescimento tende a desacelerar ainda mais devido ao agravamento do ambiente de pandemia, ao mesmo tempo que os juros mais altos levam a uma conta do serviço da dívida ainda mais salgada, escreveram.

O JPMorgan espera que o Comitê de Política Monetária (Copom) comece o ciclo de aperto monetário já na reunião desta quarta-feira, 17, com uma alta de 0,5 ponto percentual na Selic, seguida de aumentos de 0,5 p.p. em todas as reuniões até o primeiro trimestre de 2022. Tal projeção levaria a Selic para 6% ao ano, contra os 2% atuais.

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